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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Lei de Causa e Efeito , reencarnação e os gêmeos siameses (Jorge Hessen)

Lei de Causa e Efeito , reencarnação e os gêmeos siameses (Jorge Hessen)



Jorge Hessen
Brasília-DF
Um caso raro de gêmeos siameses causou espanto na Índia. Babita Ahirwar e seu marido, Jaswant Singh Ahirwar, já sabiam que esperavam xifópagos [1], mas o nascimento da criança fez com que os pais entrassem em choque. As duas crianças compartilhavam os mesmos órgãos internos, incluindo um só coração, porém com duas cabeças separadas. Os bebês nasceram no dia 23 de novembro de 2019. O caso é descrito como sendo dicephalus parapagus [2], tipo que engloba cerca de 11% dos casos de gêmeos siameses, de acordo com uma revisão histórica feita pelo Journal of Pediatric Surgery. [3] 

Pela tradição, o termo siameses surgiu no século XIX, precisamente em 1811, com o primeiro caso acadêmico registrado no mundo, ocorrido com os irmãos tailandeses Chang e Eng Bunker – decorrendo daí o termo "gêmeos siameses" [4]. Os dois irmãos foram conduzidos para a Inglaterra e posteriormente para os Estados Unidos. 

Por uma questão de programação espiritual, e nem poderia ser diferente, Chang e Eng Bunker desencarnaram em 17 de janeiro de 1874 , com poucas horas de diferença, aos 63 anos, estabelecendo um recorde de sobrevida entre os gêmeos siameses. O que nos chama atenção é o fato de que “os dois tiveram 22 filhos, que através deles geraram mais de 1.500 descendentes, a maioria deles não-gêmeos e em condições ideais de saúde.” [5] 

Pelas leis reencarnatórias, num só corpo não há como reencarnar mais que um Espírito. Todavia, no caso dos seres xifópagos, existem dois espíritos em corpos grudados biologicamente, possuindo dois cérebros (dicéfalos), portanto são dois indivíduos e duas mentes. 

Se na xifopagia os Espíritos forem amigos se aproximarão por afinidade de sentimentos e sentirão menos desconforto por estarem acoplados fisicamente. Todavia, nos casos dos Espíritos que afetivamente não se aturam e se repelem serão intensamente infelizes como inquilinos de corpos grudados. 

Nestas circunstâncias reencarnatórias, quais razões induziriam as Leis de Deus consentirem tamanhas anormalidades corporais? 

Por quais razões esses espíritos necessitam permanecerem algemados corporalmente, compartilhando vísceras e funções orgânicas, compreendendo que nada nos é mais intrínseco (íntimo) e individual que a organização física? 

Na maior parte dos casos os xifópagos são dois espíritos comprometidos por imensos ódios, erigidos ao longo de múltiplas reencarnações, e que reencarnam nestas condições, por recomendações dos Benfeitores sem que se constitua um processo de punição divina, até porque as Leis de Deus não são punitivas elas apenas nos convidam (amorosa ou dolorosamente) para a reparação dos erros, sob às luzes misericordiosas da Lei de Causa e Efeito que funciona a fim de que nós nos resguardemos de nós mesmos. 

Alternando-se as posições como algozes e vítimas e, igualmente, nas dimensões físicas e espirituais, compelidos por irresistível atração de ódio e desejo de vingança, tais Espíritos pela divina Lei de Atração buscam-se continuamente e culminam se reaproximando em condições comovedoras, os convidando a dividir amargamente do mesmo sangue vital e do ar que respiram. 

Tal reencarnação dolorosa permitirá que ambos os espíritos, durante a experiência desafio no corpo carnal, ajustem os laços de união e sustentação moral, catalisando anseios de amizade, fraternidade e plausível começo de reconciliação pelo autoperdão e recíproco perdão. 

Mesmo entre espíritos afins ou simpáticos, a experiência xifópaga deverá ser uma vivência muito desafiadora, inobstante ambos aceitarem, ou serem convidados a cumprirem a lei de amor, embora conectados biologicamente, tendo como meta diluir traumas morais do passado para robustecer a necessária reaproximação hoje delineando um amanhã mais harmonioso. 

Muitas vezes não é possível, de imediato, dissolverem-se essas vinculações anômalas , a fim de que haja total recuperação psíquica dos infelizes protagonistas. No decorrer dos anos, a imantação se avoluma, tangendo dimensões categóricas de alteração do corpo perispiritual de ambos. A analgesia transitória, pela comoção de consciência causada pela reencarnação expiatória, poderá impactar e recompor os sutis tecidos em desarranjo da mente doente. 

Nessas reflexões doutrinárias não há como desconsiderar que os pais são invariavelmente coparticipantes do processo, até porque são os vínculos solidários do passado que os convidam a experienciar o drama da vida atual com os filhos. Não podemos afirmar que são vítimas ingênuas de uma lei natural injusta e arbitrária. O reencontro comum pelas afinidades que atraem pais e filhos por simbiose magnética apenas retrata os lídimos mecanismos da Lei de Causa e Efeito à qual todos estamos submetidos. 

A proposta espírita da questão aponta para algumas soluções que podem contribuir com a psicologia e a medicina de hoje e de amanhã, considerando a terapêutica. A prática da prece e da doação de energias magnéticas através do passe, por exemplo, são recursos adequados e indispensáveis para despertar consciências e minimizar os traumas psicológicos. Soluções essas que para eles (xifópagos) se descortinam eficazes, eliminando-lhes a mente para a necessidade da efetiva reconciliação, enfrentando a união pelo laço indestrutível e saudável do amor. 

Notas e referências:
[1]           A nomenclatura provém de xifóide que é o apêndice terminal do osso esterno (com s ), situado na frente do tórax onde se unem as costelas, isto porque muitos dos xifópagos estudados eram unidos por esta parte do corpo.
[2]           Gêmeos dicephalus parapagus são unidos lado a lado pela pelve e/ou em todo o abdômen e no peito, mas têm cabeças separadas. Os gêmeos podem ter dois, três (tribrachius) ou quatro (tetrabrachius) braços e duas ou três pernas.
[3]           Disponível em https://www.metropoles.com/saude/bebe-indiano-nasce-com-duas-cabecas-e-tres-bracos   acesso em 06/12/2019
[4]           Termo advindo do antigo reino de Sião (Tailândia).
[5]           Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Chang_e_Eng_Bunker#cite_ref-mt-airy-news_3-0  acesso 04/12/2019

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Doação de órgãos. Quem nos garante que não seremos o próximo da fila? (Jorge Hessen)

Doação de órgãos.  Quem nos garante que não seremos o próximo da fila? (Jorge Hessen)


Jorge Hessen
Brasília-DF

O ex-apresentador de TV Gugu Liberato permanecerá presente na recordação da família,  dos milhões de fãs e dos doentes receptores dos seus órgãos. A família do apresentador fez questão de realizar um desejo que Gugu sempre manifestou: a doação dos órgãos. Pois que quando em vida Gugu dizia que “Deus em sua infinita bondade nos dá a oportunidade da vida. Agora eu sigo adiante por um caminho que me levará mais próximo ao Pai. E neste momento quero praticar os ensinamentos do mestre Jesus. Assim como ele compartilhou o pão com os seus, eu compartilho meu corpo com aqueles que necessitam de uma nova oportunidade de viver. Aos meus familiares eu agradeço por terem realizado a minha vontade. Tenham certeza que, a partir de agora, eu estarei batendo em muitos outros corações e compartilhando minha vida com outros irmãos. Que eu seja um instrumento de amor, oportunidade e de luz.” [1]
Observamos que a doação dos próprios órgãos era um desejo do apresentador e os órgãos que lhes foram retirados poderão beneficiar cerca de 50 pessoas. Mas, a grande algazarra do assunto (doação de órgãos) é a morte encefálica, na vigência da qual órgãos ou partes do corpo humano são removidos para utilização imediata em doentes deles necessitados. Estar em morte encefálica é estar em uma condição de parada definitiva e irreversível do encéfalo, incompatível com a vida e da qual ninguém jamais se recupera.
Havendo morte cerebral, verificada por exames convencionais e também apoiada em recursos de moderna tecnologia, apenas aparelhos podem manter a vida vegetativa, por vezes por tempo indeterminado. É nesse estado que se verifica a possibilidade do doador de órgãos "morrer" e só então seus órgãos podem ser aproveitados - já que órgãos sem irrigação sanguínea não servem para transplantes.
Seria a eutanásia? Evidentemente que não! A eutanásia de modo algum se encaixaria nesses casos de morte encefálica comprovada.  A medicina, no mundo todo, tem como certeza que a morte encefálica, que inclui a morte do tronco cerebral (2) só terá constatação através de dois exames neurológicos, com intervalo de seis horas, e um complementar. Assim, quando for constatada cessação irreversível da função neural, esse paciente estará morto, para a unanimidade da literatura médica.
A temática "doação de órgãos " é bastante contemporâneo no cenário terreno. Sobre o assunto, talvez, porque as informações sejam distorcidas, há o receio do desconhecido que paira no imaginário de muitos homens. Inclusive alguns espíritas se recusam a autorizar, em vida, a doação de seus próprios órgãos após o desencarne.
A doação de órgãos para transplantes é doutrinariamente válida. “Se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças às conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada.”. (3)
Chico Xavier afiançava que  “transplante de órgãos, na opinião dos Espíritos sábios, é um problema da ciência muito legítimo, muito natural e deve ser levado adiante.”. Os Espíritos, segundo Chico Xavier, “não acreditam que o transplante de órgãos seja contrário às leis naturais. Pois é muito natural que, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com proveito”. (4)
Não há reflexos traumatizantes ou cerceadores no perispírito, em relação à mutilação do corpo carnal, ou seja, o doador de córneas, por exemplo, não regressará “cego” ao Mundo Espiritual. Se fosse regra geral haver impacto do corpo físico doador no corpo espiritual, o que seria daqueles que são esmagados nos desastres de trânsito , os têm o corpo carbonizado pelo fogo ou pulverizado numa explosão? O que dizer da cremação, que reduz o cadáver a cinzas?
A doação de órgãos não afetará o corpo espiritual do doador, a menos que acreditemos ser injusta a Lei de Deus e estejamos no Planeta à deriva da Sua Suprema Bondade e Providência. Lembremos que nos Estatutos do Criador não há espaço para a injustiça e o transplante de órgãos é valiosa oportunidade, dentre tantas outras, colocada à disposição do homem para o exercício do amor.
Além do mais, se, hoje, somos doadores, amanhã, poderemos ser (ou nossos familiares e amigos) receptores de órgãos. Para a maioria das pessoas, a questão da doação é tão remota e distante quanto à morte. Mas, para quem está numa gigantesca fila esperando um órgão para transplante, ela significa a única possibilidade de vida. Quem nos garante que não seremos o próximo da fila?
Pensemos nisso!
Referência bibliográfica:
[2]           O tronco cerebral, e não o coração, é reconhecido como o organizador e "comandante" de todos os processos vitais. Nele está alojada a capacidade neural para a respiração e batimentos cardíacos espontâneos; sem tronco ninguém respira por si só.
[3]           Franco, Divaldo Pereira. Seara de Luz, Salvador: Editora LEAL [o livro apresenta uma série de entrevistas ocorridas com Divaldo entre 1971 e 1990.]-
[4]           Entrevista de Francisco Cândido Xavier, à TV Tupi, em agosto de 1964, publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Fritz ante a preguiça moral, a balela e a promessa de artificiosa cura (Jorge Hessen)

Fritz ante a preguiça moral, a balela e a promessa de artificiosa cura (Jorge Hessen)


Jorge Hessen
Brasília-DF

A atriz Juliana Paes da Globo vai aparecer nos cinemas em 2020, junto com o ator Danton Mello e outros, no longa-metragem intitulado “Predestinado - Arigó e o Espírito do Dr. Fritz”. O filme propõe contar a história do médium mineiro, José Pedro de Freitas, o “Zé Arigó”. Com certeza tal evento fará ressurgir, nas hostes espíritas, o deslumbramento pela procura de médiuns incorporadores de “cirurgiões” cura tudo ou miraculosos “médicos” do além.
Que existe interferência dos desencarnados nos processos terapêuticos na Terra não há dúvida, porém não se pode dar proeminência a esse tipo de fenômeno, na presunção de consolar os desprotegidos ou na ardilosa ideia de fortalecimento da difusão do Espiritismo por essas dispensáveis práticas.
Vejamos: Zé Arigó, o médium que incorporava o Dr. Fritz e realizava cirurgias sem anestesia, certa ocasião ofereceu-se para operar o Chico Xavier, que prontamente rejeitou a oferta e optou por se internar em hospital de São Paulo. A atitude do Chico provocou uma boa discussão na época.
Por que não aceitou a oferta do Dr. Fritz? Chico duvidava do poder dos famosos “cirurgiões” espirituais?
O filho de Pedro Leopoldo se limitou a repetir a resposta oferecida em 1969 a Zé Arigó: “Como eu ficaria diante de tanto sofredor que me procura e que vai a caminho do bisturi, como o boi para o matadouro? E eu vou querer facilidades? Eu tenho que me operem como os outros, sofrendo como eles.” [1]
Anos mais tarde, sob firme depoimento, Chico Xavier pronunciou: “Sou contra essa história de meter o canivete no corpo dos outros sem ser médico. O médico estudou bastante anatomia, patologia e, por isso, está habilitado a fazer uma cirurgia. Por que eu, sendo médium, vou agora pegar uma faca e abrir o corpo de um cristão sem ser considerado um criminoso? [2]
A tendência de subestimar a contribuição da medicina terrena, entregando nossas enfermidades aos Espíritos “milagreiros” do além (com nome germânico ou hindu), para que "curem" complexos processos de metástases, por exemplo, é uma atitude equivocada. Até mesmo porque, os Espíritos não estão à nossa disposição para promover curas de patologias que não raro representam providências corretivas para o nosso crescimento espiritual no buril expiatório.
Além do mais, os princípios doutrinários nos elucidam que necessitamos "Aproveitar a moléstia como período de lições, sobretudo como tempo de aplicação de valores alusivos à convicção religiosa. A enfermidade pode ser considerada por termômetro da fé”. [3]
Como bem recomenda Allan Kardec, em Viagem Espírita, 1862, pág. 33: "O exagero em tudo é prejudicial, mas, em semelhante caso, vale mais pecar por excesso de prudência do que por excesso de confiança". [4]
Sobre esse tipo de mediunidade fica evidente que não há qualquer amparo espiritual aos médiuns dos cirurgiões do além. Vejamos alguns fatos emblemáticos sobre os intermediários do tal Dr. Fritz e outros do ramo. José Arigó, o mais famoso, desencarnou tragicamente num acidente de automóvel, em MG; Rubens de Farias, depois que sua esposa o denunciou de adultério e enriquecimento ilícito, saiu terminantemente de cena; Edson Queiroz foi brutalmente morto a facadas por seu caseiro, em Recife; João de Deus jaz prisioneiro na penitenciária de Aparecida de Goiás, incriminado por centenas de estupros e enriquecimento  ilícito. Isso sem colocar aqui no inventário sobre esse tipo de mediunidade “curadora” o mais importante médium do Lar Frei Luiz no Rio, Gilberto Arruda, que foi assassinado dentro do centro.
O exercício dos Códigos Evangélicos nos impõe a obrigatória fraternidade e a compreensão aos adoentados e adeptos dessas extravagantes práticas mediúnicas, o que não equivale dizer que devemos nos silenciar quanto à adequada recriminação. Tal mediunidade não é e nunca será indispensável para propagação dos princípios espíritas. Além do mais, o centro espírita não pode se transformar em abrigo dos ambulantes cura tudo.
Bem-estar e saúde integral são obtidos através do cumprimento das Leis Divinas inscritas na consciência de todos nós! O resto é preguiça moral, balela e promessa de artificiosa cura que se transformará em desafiadora moléstia moral amanhã.

Referência bibliográfica:
[1]        SOUTO Maior, Marcel. As vidas de Chico Xavier / MARCEL Souto Maior. 2. cd. rev. e ampl. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2003
[2]        Idem
[3]        VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Cap.35. RJ: Editora FEB, 1977-5ª edição
[4]        KARDEC, Allan. Viagem Espírita 1862, pág. 33, RJ:  Ed FEB, 1999

terça-feira, 29 de outubro de 2019

É tristeza ou depressão? Eis a questão!

É tristeza ou depressão? Eis a questão!  (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
Brasília-DF

Antes de abordarmos o tema, cabe distinguir a simples tristeza da depressão. A tristeza é um sentimento corriqueiro que surge ocasionalmente em nossos corações. Mormente quando advém um acontecimento que sacode a nossa vida, porém é provisória.
Estranhamente, hoje em dia qualquer tristeza é tratada como doença psiquiátrica. Os pacientes preferem recorrer aos remédios a encarar os desafios da vida. Muitos médicos se rendem aos laboratórios farmacêuticos e indicam antidepressivos sem necessidade, exceto os psiquiatras, que são os que menos receitam antidepressivos, porque estão mais preparados para reconhecer as diferenças entre a “tristeza normal" e a patológica (depressão).
O que diferencia a "tristeza normal" da patológica é a intensidade. A tristeza patológica é muito mais intensa. A normal é um estado de espírito. Além disso, a patológica é longa. É o aperto no peito, a dificuldade de se movimentar; a pessoa só quer ficar deitada, tem dificuldade de cuidar de si própria, da higiene corporal. Na "tristeza normal" pode acontecer isso por um ou dois dias, mas depois passa. Na patológica, fica nas entranhas do ser.
Quem mais receita antidepressivos não são os psiquiatras, são os demais médicos. Os psiquiatras têm uma formação para perceber que primeiro é preciso ajudar a pessoa a entender o que está se passando com ela e depois, se for uma depressão, medicar. Agora, os não psiquiatras não querem ouvir. O paciente diz: “Estou triste.” O médico responde: “Pois não”, e receita o ansiolítico. Eis o problema!
A depressão deriva de duradoura ansiedade íntima. É uma indiferença de sentir o gozo pela vida, resultando em certo desgosto por viver. Essa amargura ou vazio d’alma podem estar escoltados por ideias de morte que se manifestam de múltiplas formas: o deprimido pode almejar morrer e até atentar contra a própria vida, ou meramente pode não ansiar mais viver, porém não pensa em tirar a própria vida e até receia a morte.
O processo depressivo pode variar de magnitude e é qualificado pela psiquiatria como depressão leve, quando os sintomas não intervêm em demasia no cotidiano, como depressão moderada quando já há um comprometimento maior na sustentação das atividades habituais e como depressão grave – neste estágio a pessoa torna-se bastante limitada na labuta cotidiana.
É muito importante buscar modos de se evitar chegar nesse nível, trabalhando-se com as causas profundas da doença, que por ser uma doença das emoções não tem sinais físicos ou bioquímicos. Frequentemente o doente deprimido ouve frases do tipo “você não tem nada” ou “depressão é frescura”, às vezes pronunciadas até por clínicos, que após escutarem o paciente requerem exames complementares que exibem resultados negativos.
Por outro lado, há aqueles médicos que se deixam levar pelo lobby da indústria farmacêutica. Não se pode mais ficar enfadado, apoquentado, triste, porque isso é imediatamente transformado em depressão. É a medicalização de uma condição humana. É transformar um sentimento normal, que todos nós temos, dependendo das situações, numa entidade patológica. Há situações em que, se não ficarmos abatidos, pode gerar transtornos emocionais – como quando se “perde” um ente querido. Mas muitos médicos não compreendem racionalmente alguns sentimentos e sintomas humaníssimos.
Muitos aflitos costumam recorrer aos tranquilizantes e se debatem aflitivamente para que a aflição não os abarque a vida cotidiana. É comum nos extasiarmos ante a beleza das estrelas do firmamento, em rogativas ao Criador, a fim de que a angústia não nos abata e nem nos alcance a caminhada, ou ainda para que os sofrimentos desviem para outros rumos. Contudo, a realidade das provas e expiações ante os estatutos de Deus chegará inexorável como mecanismos naturas de nossa evolução.
Ante os ventos impetuosos das chibatas emocionais, nos sentimos vencidos e solitários. Mas em realidade, o que parece infelicidade ou derrota pode significar intercessão providencial de Deus, sem necessidade, portanto do uso de tranquilizantes para aliviar a dor. Em muitos momentos da existência, quando choramos lágrimas de angústias, os Benfeitores se rejubilam de “lá”, da mesma forma em que os pomicultores de “cá” descansam, serenos, após o labor do campo bem podado. A vida é assim!
Essas lágrimas asfixiantes, muitas vezes representam para nós alegrias nas dimensões superiores da vida espiritual. Evidentemente nossos protetores do além não são indiferentes quando estamos em padecimentos atrozes, mas eles sabem exatamente que tal situação sinaliza possibilidades renovadoras no buril do nosso crescimento espiritual.


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

O autoperdão para libertar-se da culpa (*)

O autoperdão para libertar-se da culpa (*)


Jorge Hessen
Brasília-DF

A autoconsciência e o autoperdão são duas virtudes fundamentais para a diluição da culpa. Porém, é necessário o treino do autoacolhimento amoroso que precisa ser irrigado pelos cinco sentimentos básicos, a saber: autoestima, autoaceitação, autoconfiança, autovalorização e autorrespeito. Esse exercício viabiliza a nossa autorrenovação por amor e pelo amor. Mas a manutenção do estado culposo impossibilita tudo isso.
Somente o autoperdão nos libera para a reabilitação diante da consciência, se assumirmos a responsabilidade do erro e nos esforçarmos reflexivamente para repará-lo.
A vida são as oportunidades bem aplicadas no presente, no aqui e agora, nunca os fracassos do passado. Todavia, existem os que vivem interligados aos insucessos do ontem, agindo qual aqueles que querem dirigir o automóvel apenas olhando para o retrovisor; com certeza vão causar acidentes. Não se pode permanecer preso às negatividades do passado, é importante ficar atento às oportunidades de cada momento do presente (que é um empréstimo divino que se renova a cada instante).
Esquecer os malogros do passado não significa “não lembrar”, contudo é resignificá-los. Deste modo, embora possa parecer que esquecemos, em verdade, deixamos a recordação num plano não acessível de modo consciente. Ou seja, não ficarmos remoendo o que já passou, porém o que se culpa fica incessantemente remoendo o erro cometido.
Quando nos libertamos do detrito mental, amontoado pelo estigma culposo, principiamos o soerguimento espiritual, e toda uma atividade nova se nos apresenta favorável, abrindo-nos espaços para saúde integral. O lixo mental que herdamos é acumulado pela nossa ausência de conhecimento nos três níveis de ignorância: do não saber, do não sentir e do não vivenciar a verdade. São tais ignorâncias que produzem os entulhos mentais, os insucessos e a fragilidade do Espírito de não se esforçar para superar a própria ignorância.
Considerando nossa fragilidade, precisamos nos conceder a oportunidade de reparar os males praticados, nos habilitando sempre perante a consciência através do autoperdão mormente diante daqueles a quem prejudicamos. Isso não significa anulação da falta que cometemos, porém a concessão da oportunidade de reparação dos desacertos. Portanto, o autoperdão não se funda numa falsa tolerância desculpista dos próprios erros. Isso seria desmazelo moral, cumplicidade e ingenuidade. Antes, o autoperdoar-se  representa a possibilidade de crescimento mental e moral, propiciando direcionamento correto das novas escolhas para o bem-estar pessoal e coletivo.
É impossível alguém melhorar o comportamento da noite para o dia. É indispensável o esforço de enriquecimento moral ininterrupto. O autoperdão é um processo de autorresponsabilidade, fruto do amadurecimento do senso intelecto moral. Com a disposição contínua de reparação dos erros, ampliamos as virtudes através dos graduais esforços no exercício do bem, admitindo que nesse procedimento não nos tornaremos “puros” num piscar de olhos, porquanto ainda erraremos muitas vezes; porém nunca nas mesmas proporções anteriores, porque aprenderemos e cresceremos com os nossos erros.
Quando nos perdoamos, aprendemos a pedir perdão ao outro. A coragem de solicitar perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêutico-libertadores da culpa. Até porque a saúde mental e comportamental impõe a liberação da culpa, utilizando-nos do valioso contributo do discernimento capaz de avaliar a qualidade das ações e permitir as reparações dos erros e o estado de gratidão quando acertadas.
O equilíbrio entre consciência e comportamento tem um preço: a persistência no dever moral, como aguilhão da consciência e guardião da probidade interior. Em face disso, para nos livrarmos da culpa é muito importante o esforço continuado, paciência e perseverança no dever consciencial. Não nos consintamos abater o ânimo, reabasteçamo-nos nas conexões e diálogos íntimos com Deus através dos sentimentos e pensamentos edificantes que podemos aperfeiçoar em qualquer circunstância.
Façamos os esforços necessários para expandir os pensamentos elevados que devemos cultivar em qualquer situação. Seremos sempre responsáveis pelos efeitos dos nossos atos. Colheremos conforme semeamos. Assumamos, portanto, o nosso compromisso consciencial através do convite amoroso de Jesus. Dessa forma permaneceremos saudáveis intimamente, prosseguindo íntegros nos deveres assumidos, sempre sob a responsabilidade da ação transformadora, sem jamais transferir para terceiros os nossos próprios insucessos.

(*) Texto com base no Projeto Espiritizar contido no link https://www.youtube.com/watch?v=bGZG8m5bKxQ&t=3430s

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Uma resposta reflexiva para Carlos Vereza

Uma resposta reflexiva para Carlos Vereza
Um cego guiando outros cegos o abismo será  inevitável , disse Jesus


Prezado Carlos Vereza,

A sua intransigente defesa do “pseudomédium” (citado na reportagem do Fantástico) não fará dele um médium ungido e verdadeiro. 
As fraudes “pseudomediúnicas” , que o mesmo pratica, são evidentes nos apontamentos investigativos comprobatórios, que demonstram os disfarces das cognominadas “cartas de Fátima”, preparadas através dos dados informativos (pessoais e familiares) extraídos das redes sociais.
O sinistro da situação é reconhecermos que os familiares supostamente “confortados” pelas cartas de “faz de conta”, seguramente, após a reportagem do Fantástico, ficarão em situação de instabilidade psíquica e emocional, isto porque, naturalmente não depositarão mais o crédito integral nas cartas “pirateadas” que possuem.  
Além de que, não será com as espetacularizações e  humilhantes doações de esmolas aos deserdados que o pseudomédium obterá a serenidade da consciência delituosa. Até porque ele vem respondendo a um processo criminal junto à Policia Civil do Rio De Janeiro sob “acusação caluniosa” e “estelionato”.
Em verdade, há alguns anos o pseudomédium vem causando enormes estragos morais e afetivos nas almas dos milhares de familiares enganados, que buscaram de boa-fé o suposto atrativo mediúnico, porque jaziam em momentos de dor e sombria vulnerabilidade emocional por causa da ausência dos seus queridos. 
Eis aí uma oportunidade favorável para que esses familiares que foram e se sintam tapeados mostrarem o rosto ao público e divulgarem seus depoimentos em vídeos nas redes sociais, contando a sua história a fim de alertarem outras famílias para não se tornarem vítimas desse crime de lesa-Deus no campo da abençoada mediunidade. (*)
Lamentavelmente muitos destes parentes enganados preferem fingir que acreditam nas supostas cartas “consoladoras” , enquanto isso o falso médium prosseguirá nos embustes (VENDENDO SEUS LIVRESCOS).
Senhor Carlos Vereza, está havendo de sua parte e demais intolerantes  seguidores do pseudomédium uma absoluta inversão dos valores morais e éticos. Informo-lhe que muitos outros investigadores de assuntos metafísicos, inclusive o Guilherme Velho, há vários anos estamos colhendo material e testemunhos, visando analisá-los para edificação das nossas convicções com foco no fortalecimento e confirmação dos princípios espíritas, através das sanções naturais da imortalidade.
Guilherme Velho ao ser entrevistado no referido programa não se apequenou, ao contrário disso, representou-nos muito bem ao confirmar por meio de provas cabais que as fraudes do pseudomédium são reais. As tramoias mediúnicas igualmente foram confirmadas na entrevista das vítimas enganadas, que você está desmerecendo e friamente injuriando ao encastelar, falsa reputação, a um impostor da mediunidade.
Carlos Vereza, você está promovendo uma injusta perseguição não somente ao aguerrido investigador, mas a todos os outros pesquisadores, envolvidos no caso, entre os quais me incluo. Nada justifica, neste caso, a sua disposição abrutalhada de tratar-nos como estúpidos. 
Você está sob o guante da agressividade, alimentando desamor com extremada intransigência contra os atuais pesquisadores espíritas que estão contribuindo honestamente na busca do resguardo do bom nome do Espiritismo.
Na sua incondicional inversão dos legítimos valores morais, sob a égide da sua proeminência e prestígio de ex-ator global,  há uma avalanche de manifestos em exagerada e abominável desproporção numérica no cenário deste embate, entre os idólatras iludidos que acobertam o pseudomédium e os pesquisadores criteriosos que apontam as falcatruas do mesmo.
Se a justiça humana não aplicar as sanções que apenam os crimes (citados acima) do tal afamado e venerado pseudomédium, defraudador dos princípios da probidade, com certeza absoluta as Leis divinas (da própria consciência dele) os advertirão,  a fim de que se prepare psicológica, moral e economicamente  para encarar a imprescindível reparação dos atinados agravos morais causados pelas suas opções malsãs.
Que Deus tenha PROFUNDA misericórdia a todos os familiares enganados e que fortaleça o bom ânimo daqueles que buscam marchar pelas estradas da VERDADE KARDECIANA.

Cordialmente
Jorge Hessen
Pesquisador espírita


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terça-feira, 8 de outubro de 2019

Psicografias em investigação: Fernando Ben é acusado de falsificar mediunidade

Psicografias em investigação: Fernando Ben é acusado de falsificar mediunidade


Reportagem do programa Fantástico (TV Globo) relata a acusação de supostas fraudes de mediunidade de Fernando Bien, dito médium de psicografia.

Com o título "Suposto médium espírita, que lotava ginásios, é acusado de fraude em suas psicografias" e subtítulo "Fernando Ben é suspeito de tirar informações das redes sociais para colocar nas cartas psicografadas e foi indiciado por estelionato e denunciação caluniosa. Ele nega acusações.", a matéria global reporta testemunhas que alegam que o suposto médium frauda a mediunidade coletando pelas redes sociais informações de pessoas falecidas cujos familiares e amigos costumam seguir as sessões das "Cartas de Fátima" atrás de um contato com esses Espíritos queridos, para então Ben compor supostas mensagens mediúnicas e com isso ganhar notoriedade para depois se beneficiar de seu trabalho através de, por exemplo, doações e vendas de produtos.



A respeito de pseudomediunidade e usurpação desse "dom", nós já publicamos aqui um artigo interessante, assinado pelo pesquisador espírita Jorge Hessen, com o título "Internet, redes sociais e os pseudomédiuns, ambiciosos e mistificadores", de 14 de fevereiro deste 2019. Aliás, Hessen foi um dos críticos processados por Fernando Ben exatamente devido a suspeita levantada de seu trabalho mediúnico. Inclusive, Hessen foi o articulador do manifesto público  alertando os espíritas e simpatizantes sobre a exploração que se tem feito da mediunidade, especialmente a pretexto de cartas de entes falecidos. Esse manifesto foi citado na reportagem do Fantástico.

Abaixo, a entrevista completa do repórter da Globo com o médium:



Não entraremos no mérito do trabalho de Fernando Ben, confiando à nossa justiça civil a devida apuração das acusações e a defesa do suposto médium, sabendo ainda que, além das competências investigativa terrena, estamos todos sob o pálio da justiça divina, implacável e absolutamente eficaz. Não conhecemos Fernando Ben pessoalmente e nem acompanhamos intimamente o seu trabalho, de modo que nem podemos absolvê-lo nem tampouco condená-lo por estas acusações. Mas, aproveitando o ensejo da matéria, vamos tratar do problema conceitual, que é a exploração da mediunidade.


Exploração da mediunidade

Mediunidade é um canal extraordinário que a Providência Divina concede em benefício tanto dos encarnados quanto dos Espíritos, donde transcorrem aí mecanismos diversos de ajustes e experimentações salutares para o processo evolutivo de todos os envolvidos. O trabalho de "cartas consoladoras", de que  a biografia de Chico Xavier é ícone, tem transformado vidas e vidas, positivamente, criando laços humanos com a espiritualidade em face dos valores superiores. Veja-se, por exemplo, o resultado do livro Esperança e Fé, que há pouco publicamos aqui (saiba mais sobre isso).



No entanto, dada a fraqueza espiritual de pessoas ainda carentes de um amadurecimento consciencial e as tendências de egoísmo desses espíritos deveras imperfeitos, o instrumento da mediunidade não poderia escapar da exploração, como o previu Allan Kardec, na codificação do Espiritismo. Tanto que ele dedicou um capítulo especial ao tema na obra O Livro dos Médiuns, o guia prático da mediunidade e a melhor orientação para a boa conduta diante do dom de intermediar as mensagens do mundo espiritual. No capítulo XXVIII temos então o título "Do charlatanismo e do embuste", onde o codificador espírita assevera a força motriz das usurpações da mediunidade:
Como tudo pode se tornar objeto de exploração, nada de surpreendente haveria em que também quisessem explorar os Espíritos. Resta saber como eles receberiam a coisa, dado que tal especulação viesse a ser tentada. Diremos desde logo que nada se prestaria melhor ao charlatanismo e à trapaça do que semelhante ofício. Muito mais numerosos do que os falsos sonâmbulos, que já conhecemos, seriam os falsos médiuns e este simples fato constituiria fundado motivo de desconfiança. O desinteresse, ao contrário, é a mais concreta resposta que se pode dar aos que só veem trambiques nos fenômenos. Não há charlatanismo desinteressado. Assim, qual a intenção visada pelos que usassem de embuste sem proveito, sobretudo quando a honra os colocasse acima de toda suspeita?
Allan Kardec

O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XXVIII, item 304


Portanto, o sinal mais evidente de falsidade mediúnica é o do interesse qualquer do pseudomédium, seja esse interesse material ou mesmo a vaidade, o desejo de ser notado, reconhecido, ou seja, a ostentação da personalidade. Por isso, onde houver qualquer vantagem, ou ilusória vantagem, em favor daquele que se apresenta como portador da espiritualidade, aí está um grave vestígio de charlatanismo. Por outro lado, onde se encontra humildade e desprendimento do tarefeiro, nisso temos bom indício de boa prática mediúnica.

Faz bem lembrar também que a mediunidade não é um patrimônio do Espiritismo: ela existe dentro e fora da prática espírita — Fernando Ben, aliás, declara-se "não espírita", mas seguidor da "Filosofia de Fátima", uma nova doutrina orientada por sua mentora espiritual (o Espírito denominado Fátima) , inclusive por evocação do médium ou compulsoriamente por vontade de um Espírito que deseja se manifestar e encontre os meios de se manifestar através de qualquer pessoa dotada de percepções espirituais.


Consequências da pseudomediunidade

Toda vez que se levanta suspeita de embuste  mediúnico há prejuízo moral para o movimento espírita, porque o senso comum — que ignora a Doutrina Espírita — tende a generalizar a tudo e então põe em xeque a honestidade de todos os médiuns e até mesmo a validade do Espiritismo. Daí por que Allan Kardec nos exorta a denunciar a falsa mediunidade ou a usurpação desse dom. Desta feita, é sim uma baixa na divulgação da doutrina.

Já para o embusteiro — o falso médium — nós podemos visualizar duas gravíssimas consequências:
  1. Em mistificando os valores da espiritualidade, o falsificador afasta de si justamente a iniciação da verdadeira e boa mediunidade, pois os bons Espíritos repugnam tais atos;
  2. A falsa atividade mediúnica não deixa de ser um ensaio para o pior aspecto de sua instrumentação, que é a obsessão: aquele que usurpa os valores espirituais só tende a atrair o concurso de comparsas; e o que não falta é Espíritos obsessores sedentos por se divertir às custas da perturbação de pseudomédiuns interesseiros.
A criatividade artística levou às telas do cinema uma boa representação desse tipo de charlatanismo através do filme Ghost - do outro lado da vida (1990), em que uma falsa vidente (interpretada por Whoopi Goldberg) acaba por desenvolver capacidades mediúnicas, atraindo a companhia constante — e perturbadora — de Sam (Patrick Swayze), se bem que neste filme as coisas não foram tão ruins assim quanto pode ser na vida real. Que o diga quem tem o devido conhecimento de um processo obsessivo do tipo mais sério, como o de subjugação.


A falsa vidente no filme Ghost

Mediunidade realmente não é algo com o que se deva brincar.

Além de tudo, é revoltante saber que por trás de interesses pessoais se brinque com os sentimentos alheios, sentimentos esses dos mais tocantes, pois estamos falando de uma das maiores dores e sofrimentos que se possa experimentar neste mundo, que é a ideia de "perda" de uma pessoa amada, enquanto que muita gente realmente imagina que esta vida carnal seja a verdadeira existência: uma carta mediúnica verdadeira pode dar não só conforto, mas abrir a mente dos familiares a respeito da imortalidade da alma, da continuação dos laços de afeto e a esperança de um reencontro com os entes queridos; de outra forma, a frustração a partir de uma fraude mediúnica pode desesperar corações e jogar pessoas na senda da incredulidade acerca de qualquer ideia espiritual.

Veja também: "Sobre charlatões, milagres, varellas e outros efeitos colaterais do recurso mediúnico".

E não poderíamos deixar de recomendar a leitura de O Livro dos Médiuns (baixe aqui gratuitamente), tanto para aqueles que gostariam de servir à causa espiritual através da mediunidade, quanto para aqueles que apenas desejam conhecer melhor a natureza desse canal de intermediação entre a Terra e o mundo invisível.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Implicações da culpa (Jorge Hessen)

Implicações da culpa (Jorge Hessen)



Jorge Hessen
Brasília-DF

Muitas crianças são induzidas a agir de forma sempre “correta”, conforme o padrão do seu meio ambiente, dos valores éticos, das pressões existentes. Quando a criança é obrigada a fazer as coisas dessa ou daquela maneira, todas as vezes que faz de forma diferente desenvolve a culpa. A virtude do discernimento deve ser-lhe ensinada desde cedo pelos pais cônscios, por ser a virtude fundamental para que ela possa escolher com segurança aquilo que é certo de acordo com as leis divinas ínsitas na consciência. 

Deve-se ensinar a criança a compreender as leis divinas; mostrá-la que errar é natural e faz parte do aprendizado, tanto quanto o erro deve ser reparado como condição natural para o desenvolvimento do senso moral. Mas se a criança desenvolve e cultua culpa e se acostuma com isso, quando chega à fase adulta a culpa se intensifica e se soma às culpas do passado, situando a vida numa condição insuportável. 

A culpa ocasiona comoções, desordens autopunitivas e contribui para ausência de autoestima. Provoca compulsão autoexterminadora, como decorrência dos movimentos de autojulgamento, autocondenação e autopunição em que o culpado arruína a autoestima, tornando impossível o auto acolhimento amoroso. 

A autoestima está conectada aos sentimentos básicos de autoaceitação, autoconfiança, autovalorização e autorrespeito, como anseios fundamentais para o equilíbrio do ser. Fora disso, surgem várias dificuldades de ordem mental e emocional, refletindo-se no corpo físico através do bombardeamento mental, comprometendo o organismo. 

Sob a compulsão autoexterminadora pode-se chegar ao suicídio, direto ou ao suicídio indireto. Neste último caso, a pessoa martiriza o corpo através de emoções e pensamentos, entrando no estado de desinteresse pela vida, culminando em processos de depressões graves, ocasionando demais transtornos psíquicos e emocionais, como ansiedade generalizada, transtorno do pânico e desordem bipolar. 

Na origem de toda doença sempre há componentes psíquicos ou espirituais. As moléstias são heranças decorrentes da divina Lei de Causa e Efeito, e decorrentes desta ou de vidas antecedentes. São escombros que fixaram nos genes os fatores propiciadores para a instalação dos distúrbios patológicos. 

Quando fazemos esforços pacientes, continuados e perseverantes, desenvolvendo virtudes em nossos corações, mantemos inativadas as enfermidades genéticas. Podemos ter uma predisposição genética para o câncer e nunca desenvolvermos processos cancerígenos; podemos ter uma pré-disposição depressiva e jamais desenvolvermos a depressão; podemos ter uma família inteira com problemas genéticos que dependendo do nosso comportamento manteremos neutralizadas as predisposições genéticas enfermas. 

Somos imagem e semelhança do Criador; somos de essência divina e fomos criados para a felicidade e harmonia. Quando procuramos desenvolver o equilíbrio existencial de forma responsável, não seremos alcançados pelas doenças genéticas, até porque não é a composição biológica que determina a saúde ou doença do espírito, mas é o espírito que comanda o corpo físico. 

Sempre seremos amados pelo Criador, independentemente dos nossos erros. Será que um pai ou uma mãe ama o filho só quando ele faz as coisas certas? Na verdade os pais amam os seus filhos do mesmo jeito, independentemente das condições morais dos filhos. Será que um ser humano é mais amoroso do que Deus? Em face disso, não há razões para sustentarmos a baldia culpa impondo-nos a “distimia” (conduta mal-humorada), perdendo o interesse pelas atividades diárias normais, sentindo-se sem esperança, tendo baixa produtividade, baixa autoestima e um sentimento geral de inadequação como precursor da depressão. 

Há os que mantêm o mal humor quase ininterruptamente. São aqueles que acordam mal-humorados, passam o dia mal-humorados e vão dormir mal-humorados, porque estão o tempo todo num processo de culpa em autojulgamento, autocondenação e autopunição. Para sair desse estado é imperioso desenvolver os sentimentos básicos da autoestima, da autoaceitação, da autoconfiança, da autovalorização e do autorrespeito. 


Várias são as consequências da culpa, a saber: insegurança, isolacionismo, ausência de si mesmo (a) e dos outros. A pessoa entra em estado de isolamento psíquico e amplia o sentimento de abandono existencial. Não é possível alguém assim se sentir pertencente ao universo, e é exatamente o sentimento de pertencimento ao universo que gera em nós existencialismo e alegria de viver.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Auto perdoar-se não é apagar os rabiscos do desacerto (Jorge Hessen)

Auto perdoar-se não é apagar os rabiscos do desacerto (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
Brasília-DF

A culpa e o alerta da consciência são temas que merecem profundas reflexões . É importante dizer que o “alerta ou conflito da consciência ” ainda não é a instalação da culpa, porém, um convite ao arrependimento diante dos erros. Tal constrangimento consciencial é imprescindível para a reamornização do desalinho psicológico, procedente da culpa.
consciência  é o Divino em nossa realidade existencial; nela estão escritas as Leis do Criador. Por sua vez, a culpa resulta da não auscultação do “alerta da consciência ” , portanto é patológica e gera profundo abalo psicológico autopunitivo. Detalhe: é impossível inexistir o alerta consciencial no psiquismo humano. Podemos fingir não ouvir a “voz da consciência ”, e apesar disso, ela sempre alertará, exceto nos casos extremos de psicopatologias em que o doente mental não sente um mínimo de arrependimento e ou culpa.
O alerta consciencial sinaliza as transgressões à Lei de amor , justiça e caridade. À vista disso, tomamos consciência  e nos arrependemos do erro, buscando repará-lo. Por outro lado, a culpa é um processo patológico em que ficamos cultuando o erro sob o movimento psicológico de autojulgamento, autocondenação e autopunição.
Das diversas características da culpa há aquela advinda da volúpia de “prazer” quando alguém não se divertiu como gostaria de ter (se esbaldado numa “balada”, por exemplo). Após a “farra” esse alguém se sente culpado e se cobra por não ter permanecido mais tempo na festa, por não ter realizado isso e ou aquilo etc. Sob esse estado psicologicamente perturbador surge a culpa como reflexo daquilo que não se fez e almejaria ter feito, resultando o movimento de autopunição.
Todas as recordações negativas paralisam o entusiasmo para as ações no bem, únicas portadoras de esperança para a libertação da culpa. Quando entramos no processo autopunitivo geramos um processo de distanciamento da realidade da vida e do próprio viver. É um grande desafio transformarmos a experiência desafiadora (dor / “sofrimento”) em experiência de aprendizado. Para isso, importa fazermos o BEM no limite das nossas forças, principiando em nós mesmos, permitindo-nos experimentar esse BEM no coração e ao mesmo tempo realizarmos o BEM ao próximo, e assim  nos libertamos totalmente do nódulo culposo.
A Lei de Causa e Efeito é um dos princípios fundamentais preconizados pela Doutrina Espírita para explicar as vicissitudes ligadas à vida humana. Ante a Lei de causalidade a colheita deriva da semeadura, sem qualquer expressão castradora ou fatalista para reparação. O “alerta de consciência ”, por exemplo, bem absorvido, transforma-se em componente responsável. Mas se o ignoramos desmoronamos no desculpismo rechaçamos a responsabilização do erro. Em face disso, o desculpismo é uma postura profundamente irresponsável perante si mesmo.
O negligente (desculpista) pronuncia que “errar é humano”, porém é arriscado raciocinar assim. É um processo equivocado que ultraja a lei de Deus. Em verdade, não precisamos nos culpar (exigência) quando erramos, e muito menos nos desculpar (negligência), porém, carece ouvirmos a voz da consciência  e aprendermos com os erros a fim de repará-los.
Sobre as diferentes peculiaridades da culpa ainda há aquela advinda naqueles trabalhadores que avidamente mergulham nos assistencialismos.  São confrades de consciência pesada que ambicionam consolidar a beneficência, visando, antes, anestesiarem a própria culpa. Na realidade, estão tentando barganhar com Deus, a fim de se livrarem da ansiedade mental. Decerto isso é uma prática espontânea e contraproducente.
Não obstante, no M.E.B. - Movimento Espírita Brasileiro haja farta frente de serviços assistencialistas. O psiquiatra espírita Alírio Cerqueira, coordenador do Projeto Espiritizar da Federação Espirita do Mato Grosso, arrazoa que muitos fazem assistencialismos sem real consciência  da necessidade social dos desprovidos. Em verdade, laboram “caritativamente” sob as algemas da consciência  culposa e arriscam disfarçar para si mesmos o automático exercício de “altruísmo”. Agem subconscientemente quais portadores de ferida muito dolorosa, e em vez de tratá-la para cicatrizar, ficam passando pomada anestésica na ferida (culpa) para abrandar a dor.
Agindo assim (no assistencialismo) a culpa momentaneamente é “escondida”, mas não desaparece, pois, passando o efeito do anestésico a culpa retorna e a pessoa mantém o conflito de consciência . Desse modo, vai ampliando cada vez mais os compromissos “filantrópicos”; vai se sobrecarregando nos pactos “caritativos”; porém, a culpa é conservada. Muitos passam a vida inteira nessa atitude de “FAZEÇÃO DE COISAS” sem qualquer objetivo consciencial. Tais “caridosos” com certeza socorrem TEMPORARIAMENTE os necessitados, todavia, provocam para si mesmos , em alto grau,  o cansaço mental, o estresse e a saturação psicológica e não conseguem se HARMONIZAREM CONSIGO MESMOS.
Na verdade, o objetivo das leis divinas (sediadas na consciência ) é nos proporcionar a pura e eterna felicidade. Em face disso, quando as transgredimos ficamos ansiosos, porque nos afastamos da felicidade, logo, sentimos extrema ansiedade. Em face disso é importante o exercício do auto perdão que obviamente não extinguirá a responsabilidade dos erros praticados, até porque auto perdoar-se não é simplesmente passar uma borracha em cima do desacerto, mas fazer uma avaliação equilibrada do desacerto para repará-lo.
No extremo, há pessoas que alimentam tanta culpa que se sentem indignas de fazer uma prece e ou de fazer o bem. Porém, ajuizemos o seguinte: a prece não é para espíritos puros. Jesus orientou que não são os sadios que necessitam de médicos, mas os doentes. Ora, esperarmos nossa purificação para orar e fazer o bem não faz nenhum sentido, até porque nos aperfeiçoamos gradualmente, orando inicialmente e de maneira especial fazendo bem no limite das nossas forças.