MENU

sábado, 26 de agosto de 2017

Eu não sou mais espírita! “Ex-espírita” será imaginável? (Jorge Hessen)


Jorge Hessen

Há poucos dias, um reconhecido divulgador do Espiritismo, utilizou-se das redes sociais para confessar que “não era mais espírita”. Ouvimos suas razões pelo “you tube” e percebemos a sua ingenuidade, motivo pelo qual deliberamos comentar seu ato.  Todavia, antes de explanar sobre a deserção do propagandista insurgente e “ex-espírita”, asseguramos que não existe no dicionário kardequiano o termo  “ex-espírita”. Até porque, uma vez ESPÍRITA, jamais serão desintegrados os ensinos revelados pelos Espíritos aos que foram racionalmente abrangidos. Portanto, os que se assumem “ex-espíritas” jamais foram ESPÍRITAS.

Em Obras Póstumas encontramos o artigo “Desertores”, nele aprendemos que “entre os ESPÍRITAS convictos, não há deserções, na lídima acepção do termo, visto como aquele que desertasse por motivo de interesse ou qualquer outro, nunca teria sido sinceramente ESPÍRITA; pode, entretanto, haver desânimos. Pode dar-se que a coragem e a perseverança fraqueiem diante de uma decepção, de uma ambição frustrada, de uma preeminência não alcançada, de uma ferida no amor-próprio, de uma prova difícil.”[1]

Se   alguns “ex-espíritas” desertaram, aniquilando o ideal, admitindo extinguir a chama da Doutrina dos Espíritos sob qualquer pretexto, segundo as contingências históricas, podemos afiançar-lhes que o Espiritismo permanecerá despontando sucessivamente por meio de diversos instrumentos de desenvolvimento e expansão. Isto quer dizer que o Espiritismo prosseguirá sempre, conquanto alguns, às vezes, abandonem a luta ou retrocedam, devido às conveniências particularíssimas.

Digam o que disserem, ou façam o que fizerem ninguém será capaz de privar o Espiritismo do seu caráter revelador, da sua filosofia racional e lógica, da sua moral consoladora e regeneradora. Qualquer oposição é impotente contra a evidência, que inevitavelmente triunfa pela força mesma das coisas.

Muitos antagonistas de Kardec acreditavam que o Espiritismo se extinguiria por causa dos “espíritas” que se envolviam em desordem, arrogância ou deserção, onde centros espíritas se esvaziavam ou até fechavam as suas portas, entretanto os Espíritos não ficaram imóveis ou ociosos, ao contrário, solucionaram de maneira objetiva, provocando novos fenômenos e fatos transcendentes, a fim de manterem desperta as mentes humanas sob a pujante luz do Consolador Prometido.

É óbvio que alguém que verdadeiramente estuda e busca o aperfeiçoamento moral dentro dos ensinamentos do Espiritismo jamais (nunca mesmo!) será mental , intelectual e sentimentalmente   a mesma pessoa. O Espiritismo não impõe nada, pelo contrário, expõe!  Se é certo que todas as grandes ideias contam apóstolos fervorosos e dedicados, não menos certo é que mesmo as melhores dentre as ideias têm seus desertores. O Espiritismo não podia escapar aos efeitos da fraqueza humana. 

Alguns “ex-espíritas” por algum tempo pregaram a união, semeando a separação; habilmente levantaram questões importunas e ferinas; despertaram o despeito da preponderância entre os diferentes grupos. Em verdade,  todas as doutrinas têm tido seu Judas; o Espiritismo não poderia deixar de ter os seus e eles ainda não lhe faltaram. Kardec chamava-os de “espíritas de contrabando”, mas que também foram de alguma utilidade: ensinaram ao verdadeiro ESPÍRITA a ser prudente circunspeto e a não se fiar nas aparências. Sem dúvida, podem os tais “ex-espíritas” terem sido crentes, mas, sem contestação, foram crentes egoístas, nos quais a fé racional não ateou o fogo sagrado do devotamento e da abnegação.

Aos que que lutam com coragem e perseverança cujo devotamento é sincero e sem ideias preconcebidas os Bons Espíritos protegem manifestamente. É verdade! Os Bons Espíritos ajudam-nos a vencer os obstáculos e suavizam as provas que não possamos evitar-lhes, ao passo que, não menos manifestamente, abandonam os que desertam e sacrificam a causa da verdade às suas ambições pessoais e mesquinhas.

Quem sabe possamos também chamar de desertores os que pregam virtudes religiosas e sociais, acolhendo-se em trincheiras de usura, os que levantam casas de socorro, desviando recursos que deveriam ser aplicados para sanar as dores do próximo, as mães que, sem motivo, emudecem as trompas da vida no santuário do próprio corpo, embriagando-se de prazeres que vão estuar na loucura, os que passam as horas censurando atitudes de outrem, olvidando os deveres que lhes competem os que condenam e amaldiçoam, ao invés de compreender e abençoar, os que perderam a simplicidade e precisam de uma torre de marfim para viver.

Quando perpetramos a deserção voluntária dos nossos deveres, diante das leis que nos governam, decerto que imprimimos determinadas deformidades no corpo espiritual. Benfeitores da Vida Maior são unânimes em declarar que, em todas as ocasiões nas quais sejamos impulsionados a desertar das experiências a que Deus nos destinou na vida terrestre, devemos recorrer à oração, ao trabalho, aos métodos de autodefesa e a todos os meios possíveis da reta consciência, em auxílio de nossa fortaleza e tranquilidade, de modo a fugirmos do profundo poço da irrealização pessoal.

Referência bibliográfica:
[1] KARDEC, Allan. Obras Póstumas, Os desertores, RJ: Ed FEB, 2001

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

As bebidas alcoólicas são tóxicos fatais (Jorge Hessen)





Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com

No Brasil , a Lei Federal 9.294, de 1996 , estabelece restrições” à propaganda de álcool, todavia, o parágrafo único da lei é obscena, notemos:  "Consideram-se bebidas alcoólicas, para efeitos desta Lei, as bebidas potáveis com teor alcoólico superior a treze graus Gay Lussac". Logicamente, ficam excluídas das “proibições” as cervejinhas televisivas. Eis aí a vitória da indústria etílica com direito a “palma de ouro”.
Em verdade, mais da metade dos brasileiros afunda-se moralmente na farra dos metafóricos “treze graus Gay Lussac” de teor alcoólico. Portanto, como obra prima das “trevas”, a cerveja, que em tese possui um teor alcoólico até o limite de  treze graus Gay Lussac , por não sofrer restrições publicitárias no Brasil,  é liberada para todos , trafegando, de tal modo,  em altíssima velocidade  na contramão da legislação de trânsito que estabelece uma tolerância baixíssima com o álcool. Nesse gerigonça vão os adolescentes se expondo hoje muito mais ao álcool. Está se formando uma geração de dependência de álcool. Além dos riscos à saúde, há os perigos de dirigir embriagado, da violência e de traumatismos decorrentes do abuso de álcool.
Através das propagandas apelativas, hipnotizantes, que custam bilhões de dólares, intoxica-se a estrutura mental dos adolescentes mais tolos. Dessa forma, os jovens agem sem padrões definidos de comportamento racional, projetam-se em uma perspectiva cada vez mais próxima da derrocada em busca do entorpecimento da consciência e da razão, justificado pelo prazer alucinado no mundo das bebidas, situação, essa, que promove um mergulho no “nada” para as fugas espetaculares da realidade.
À maneira de um incêndio, que começa de uma fagulha e causa grande destruição, muitos adolescentes, a partir de um simples gole "inofensivo", precipitam-se nos escombros da miséria moral, transformando-se em uma pessoa vazia de ideais.
É assombrosa a lavagem cerebral através das mídias veiculando reiteradamente o convite para o consumo de cervejas, em razão disso, o volume consumido no Brasil está acima da média mundial. Pela televisão “o gênio das trevas” aconselha, após trinta segundos de propaganda, em tão-somente um milésimo de segundos, o famoso “beba com moderação”.
Ora, não se pode  aceitar passivamente  uma situação em que as autoridades de saúde passam uma mensagem de legalidade e possível  “moderação” ao mesmo tempo em que a indústria acena com uma publicidade maldita  e cara cujo conteúdo instiga e incentiva  o consumo da cerveja de modo avassalante.
Para o espírita, o vício de beber tem implicações muito graves, especialmente em face das repetidas advertências dos Benfeitores Espirituais, elucidando sobre os danos que causam à mediunidade, por exemplo. O médium, contaminado pelos alcoólicos torna-se mira de obsessão dos indigentes alcoolistas do além. A obsessão, através da inofensiva cervejinha, é mais generalizada do que parece.
Num contexto social permissivo, o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de "status", atestando a decadência de um período histórico que passa lento e doído.  A Doutrina Espírita adverte sobre essa influência espiritual, oculta, ou seja, o meio espiritual que respiramos pode contribuir para o surgimento de um determinado vício.  Não nos iludamos, o viciado em álcool quase sempre tem a seu lado obsessores extra físicos que o induzem à bebida, nele exercendo grande domínio e dele usufruindo as mesmas sensações etílicas.    
Pais espíritas e, absolutamente, cônscios da responsabilidade que assumiram perante a família, não devem oferecer bebidas alcoólicas para seus filhos sob quaisquer pretextos. Ao contrário disso, devem envidar todos os esforços para afastá-los das festas regadas a álcool; essa, sim, é uma atitude sensata. Creio que haja suficiente razão para não estocarmos, em casa, as esplêndidas e suntuosas garrafas de bebidas alcoólicas, normalmente, conservadas em um “atraente” barzinho, pois, nelas, está acondicionado o tóxico fatal.