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sexta-feira, 27 de março de 2015

EM QUASE 1 BILHÃO E MEIO DE ANOS ASCENDEMOS DOS VÍRUS E BACTÉRIAS PARA A CONQUISTA DA RAZÃO (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
Interessante a notícia sobre a descoberta de uma minúscula esfera metálica repleta de um líquido biológico viscoso advinda do espaço sideral. O material [1] foi capturado através de balões que coletam partículas na estratosfera (numa altitude de 27 quilômetros). A ideia de que a vida na Terra tenha surgido a partir de cometas ou de outras formas semelhantes é chamada de panspermia, e apesar de ainda encontrar resistência no meio científico, foi amplamente defendida por cientistas como Francis Crick, um dos descobridores da estrutura do DNA, e também pelo astrônomo Carl Sagan. [2]

Estamos diante de um tema envolvente e excitante, porque aborda a genealogia humana e fluxo evolutivo na Terra, o que nos leva a matutar acerca de nossa pequenez ante as majestosas e perfeitas leis que imperam no micro e no macrocosmo. Quantas vezes já questionamos como iniciou a vida na Terra? Aprendemos no monumental livro “A Caminho da Luz” que foi o Excelso Carpinteiro quem organizou a vida na Terra. A soberba ciência não conseguiu identificar as mãos augustas e sábias do Governador do Globo, vitalizando o organismo terrestre. Substituíram-Lhe a providência com a expressão “natureza”. 

O livro Gênese do Antigo Testamento garante que no princípio dos tempos Deus criou, simultaneamente, todas as plantas e animais superiores, a partir da matéria inerte. Deus, do pó da terra, forma o primeiro homem- Adão -, sopra-lhe as narinas e lhe dá vida. Retira-lhe uma de suas costelas e cria a Eva. Esta é tentada pela serpente e come, juntamente, com Adão o fruto proibido - a maçã. Literalmente considerada, esta noção é mitológica e antropomórfica. Dá-se a impressão que Deus é um ceramista que manuseia os seres criados por Ele. [3]

Allan Kardec esclarece-nos com precisão a linguagem figurada da Bíblia. Adão e Eva não seria o primeiro e único casal, mas a personificação de uma raça, denominada adâmica; a serpente é o desejo da mulher de conhecer as coisas ocultas, suscitado pelo espírito de adivinhação; a maçã consubstancia os desejos materiais da humanidade. Assim, a visão da Bíblia sobre a origem da vida na Terra não deve ser simplesmente rejeitada e sim estudada como sendo “a história da infância dos povos”. Em suas alegorias há muitos ensinamentos velados cujo sentido oculto deve ser pesquisado; por outro lado devem ser submetidos à razão e à Ciência, apontando-se-lhe os erros. [4]

Na formação do Terra, quando serenaram os ambientes do orbe nascente, quando a luz solar tocava, em silêncio, a beleza dos primitivos continentes e dos mares, “Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso.”[5] Após algum tempo, “nas crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada.” [6]

Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara o Ungido do Senhor à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens. “A massa viscosa que cobria toda a Terra era o celeiro sagrado das sementes da vida. O protoplasma foi o embrião de todas as organizações do globo terrestre e, se essa matéria, sem forma definida, cobria a crosta solidificada do planeta, em breve a condensação da massa dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando-se as primeiras manifestações dos seres vivos.” [7]

Os cientistas são quase unânimes em afirmar que a vida de fato se originou a partir da formação do protoplasma, matéria elementar das células vivas. O protoplasma evolui para as bactérias, vírus, amebas, algas, plantas, animais até chegar à formação do homem. Para o Espiritismo, a vida é o resultado desta complexa evolução comprovada pela Ciência. Allan Kardec, em A Gênese, André Luiz, em Evolução em Dois Mundos e Emmanuel, em A Caminho da Luz, atestam para a formação da camada gelatinosa, depois das altas temperaturas e resfriamento pelo qual passou o nosso planeta, na época de sua constituição, há quatro bilhões e meio de anos.

O Messias comandou todo processo de evolução terrestre. Com a Sua Supervisão, “o princípio inteligente gastou, desde os vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de séculos [1 bilhão e meio de anos], a fim de que pudesse, como ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pensamento contínuo para os Espaços Cósmicos.” [8] Infelizmente o hermético e arrogante ambiente acadêmicos desconhece essas arrebatadoras revelações.


Notas e referências bibliográficas:

[1] É uma bola de diâmetro comparável ao de um cabelo humano, que tem vida filamentosa na parte externa e um material biológico espesso escorrendo de seu centro.

[2] Disponível em http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2015/02/esfera-de-metal-vinda-do-espaco-expele-material-biologico-e-intriga-cientistas.html acesso em 27/03/2015

[3] Gênese (bíblia de Jerusalém)

[4] KARDEC, Allan. A Gênese, capítulo XII, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999

[5] XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel , Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999

[6] XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel , Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999

[7] XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel , Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999


[8] XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em dois mundos, ditado pelo Espírito André Luiz, cap. VI , Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2012

quarta-feira, 18 de março de 2015

ESTUDOS METAPSÍQUICOS E OS DEBATES “QUÂNTICOS” DA MENTE E DA VIDA HUMANA (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
COLEÇÃO DE LIVROS GRATUITOS.

Pode-se assegurar que a metapsíquica teve as suas raízes nas primorosas pesquisas de William Crookes, descobridor da matéria radiante, do tálio [1] e dos raios catódicos [2]. Foi um dos principais estudiosos científicos a catalogar e divulgar os transcendentes fenômenos psíquicos tais como mesas girantes, levitação de objetos, materilização, tiptologias (batidas), pneumatofonia e pneumatografias, obtidos principalmente através dos médiuns Daniel Douglas Home e Florence Cook, provocando muito interesse em face das suas manifestações em toda a Europa.

O célebre fisiologista francês Charles Richet, prêmio Nobel de medicina em 1913, fortemente motivado pela valiosa contribuição “Crookes”, trouxe a lume a obra “Tratado de metapsíquica” através da Academia francesa de ciências, em 1922. Antes disso porém, o termo “parapsicologia” é proposto em 1889 pelo psicólogo francês Max Dissoir. A expressão significa ciência que estuda os fenômenos ocultos, classificando-os em três áreas a saber: psi gama, que abrange a área mental como telepatia clariaudiência, precognição, retrocognição eclarividência; psi kappa, que estuda os fenômenos físicos como a telecinesia, a tiptologia, a levitação, o apport e poltergeister; psi theta,que pesquisa os fenômenos provocados pelos “mortos”.

Na década de 1930 o professor de psicologia da Universidade de Duke, na Carolina do norte, EUA, Joseph Banks Rhine fundou o laboratório de parapsicologia, o "Journal of Parapsychology" e a "Foundation for Research on the Nature of Man". Após vários anos de cautelosa pesquisa científica e criteriosa avaliação estatística dos resultados, Rhine publicou em 1934 a primeira edição da obra "Percepção Extra Sensorial", que teve várias edições e foi extensamente lida nas décadas seguintes.

No Brasil as pesquisas paranormais ainda não são acolhidas oficialmente no âmbito de uma universidade federal. Nos Estados Unidos da América do Norte o interesse por temas metapsíquicos e mediúnicos (psi theta) ainda é uma novidade. Há 15 anos os editores do médium americano James Van Praagh, autor do livro “Conversando com os espíritos”, se espantaram com a vendagem de centenas de milhares de exemplares do livro.

Sucessores de Sigmund Freud, que no final do Século XIX chamou de histeria e de múltipla personalidade o que os seus contemporâneos consideravam possessão, abriram um espaço para as novas respostas. Essa brecha pode ser observada nas atuais indicações do Instituto Nacional de Saúde nos EUA, onde se sugere a prece e os tratamentos espirituais (passes magnéticos) para complementar tratamentos médicos.

Outro exemplo é a ressalva do atual DSM – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – espécie de bíblia da psiquiatria. Segundo o relatório, o clínico deve tomar cuidado ao diagnosticar como psicóticas as pessoas que dizem “ouvir” ou “ver” os “mortos” pois em algumas culturas religiosas isso pode não significar alucinação ou psicose. É a admissão antropológica da mediunidade, ou seja, uma ampla abertura para entendê-la como função psíquica.

A distância entre ciência e religião se reduziu. De alguns anos para cá os cientistas, mormente da área quântica, começam a falar como “místicos”, e místicos tentam agir como os “cientistas”, segundo diz o Dr. Patrick Drouot, físico francês, doutorado pela Universidade Columbia de Nova York e pesquisador do Instituto Monroe (EUA). Drouot é autor dos livros “Reencarnação e Imortalidade” e “Nós somos todos imortais”, que venderam milhões de exemplares nos últimos anos.

Na área “quântica”, o renomado cientista Robert Lanza criou o biocentrismo, uma “nova teoria do Universo”, que propõe a utilização de todos os conhecimentos que a humanidade adquiriu nos últimos séculos. A partir dessa perspectiva e com essas ferramentas, Lanza deu uma nova resposta à pergunta primordial sobre a morte: para o biocentrismo, esta é uma ilusão, já que é a vida que cria o universo e não o contrário. Dado que o espaço e o tempo não existem de forma linear, a morte não pode existir em seu “sentido real” – seria apenas uma ilusão da consciência. E é a consciência que, segundo Lanza, conecta a vida ao corpo biológico.

A prova estaria nos experimentos de física quântica, que demonstram que a matéria e a energia podem se revelar com características de ondas ou de partículas na percepção e na consciência de uma pessoa. Acrescentando-se a teoria de que existe uma infinidade de universos com diferentes variações que acontecem ao mesmo tempo, o biocentrismo comprova que tudo o que pode acontecer está ocorrendo em algum ponto do multiverso, ou seja, a morte não pode existir em “nenhum sentido real”.

Alguns cientistas importantes fizeram coro à teoria de Lanza, como Ronald Green, diretor do Instituto de Ética da Universidade de Dartmouth, que afirma que pensar a consciência de um ponto de vista quântico é coerente com as últimas descobertas da biologia e da neurociência sobre as estruturas da mente e da vida humana.


Referências:

[1]           Metal representativo localizado na penúltima posição do grupo 13 (mesma do boro e alumínio). Possui número atômico Z = 81 e massa atômica ponderada (entre os dois únicos isótopos estáveis) A = 204,4 u.

[2]            Feixes de elétrons produzidos quando uma diferença de potencial elevada é estabelecida entre dois                  localizados no interior de um recipiente fechado contendo gás rarefeito. Uma vez que os elétrons têm carga negativa, os raios catódicos vão do eletrodo negativo - o cátodo - para o eletrodo positivo - o ânodo

segunda-feira, 16 de março de 2015

O ESPIRITISMO JAMAIS SERÁ SUPERADO (Jorge Hessen)

Jorge Hessen

O Livro dos Espíritos é originário da revelação dos Espíritos por meio da comunicação mediúnica através da “cesta de bico” [1] e posteriormente da “cesta-pião”.[2] Buscando a melhoria do processo, Allan Kardec estudou maneiras mais apropriadas para obtenção de informações do “além-tumulo”. Contando com a colaboração das médiuns Ruth Celine Japhet, Aline Carlotti, Caroline Baudin, Julie Baudin e Ermance Dufaux, que estavam à sua disposição, descobriu o mecanismo da psicografia que consistia na influência direta do Espírito sobre o médium, controlando determinadas zonas cerebrais através do perispírito para que a Entidade pudesse controlar a sua mão e reproduzir a escrita manual.

Henri Sausse, Zeus Wantuil, Ann Blackwell, principais biógrafos de Allan Kardec, afirmaram que a ideia de um livro de perguntas e respostas, bem como algumas perguntas, foram originárias de 50 cadernos fornecidos por um grupo de maçons, entre eles Victorien Sardou, Pierre-Paul Didier (e seu filho), Tiedeman-Manthèse, e René Taillandier. Tais pessoas já realizavam pesquisas mediúnicas, porém não conseguiram alcançar a plena dimensão desse trabalho, e por isso deliberaram entregar os manuscritos ao professor Rivail, que constatou naqueles calhamaços profundas revelações que deveriam ser divulgadas.

Com efeito, em 18 de abril de 1857, o filho de Lyon publicou a 1ª edição de “O Livro dos Espíritos” dividido em três partes, composto de 501 questionários. Em 1860, lançou a 2ª edição, dessa vez inteiramente refundido e admiravelmente acrescido para 1019 perguntas, divididas em quatro partes a saber: Causas primárias, Mundo dos espíritos, Lei morais e Esperanças e consolações. Esta edição foi publicada pelo editor Paul Didier e se esgotou em apenas 4 meses. De cada parte do Livro dos Espíritos, Allan Kardec desdobrou os temas resultando nas Obras básicas da Codificação. Observemos o seguinte: da primeira parte - “Causas primárias” – distribuída em quatro capítulos e 75 questões, gerou a obra A Gênese. Da segunda parte – “O mundo dos espíritos” – distribuída em onze capítulos e 537 perguntas, surgiu O livro dos Médiuns. Da terceira parte – “Leis morais” – distribuída em nove capítulos e 308 interrogações, nasceu o Evangelho Segundo Espiritismo e finalmente da quarta parte – “Esperanças e consolações” – distribuída em dois capítulos e 99 perguntas, resultou O Céu e o Inferno ou “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”.

A Codificação Espírita consubstanciou-se a fim de enfrentar os alvoroços provocados pelas desordens ideológicas do Século XIX e germina no centro cultural do mundo ocidental. Foi publicado portanto em meio a uma torrente de filosofias que induzia o homem ao pessimismo, ao ceptismo e ao niilismos. Surgiu no mesmo ano em que desencarnou o controvertido Augusto Conte, mentor do pensamento positivista, bastante em voga entre a elite intelectual da época. Surgiu no meio dos embates da dialética dividida nesse momento em duas fases nesse – antes e depois do filósofo alemão Hegel – contestador da dialética socrática.

Com a desencarnação de Hegel surgiram duas correntes hegelianas, a ortodoxa (de “direita”) e a socialista (de “esquerda”), esta última representada principalmente por Engel e Marx, culminando no materialismo histórico. Politicamente, os “direitistas” hegelianos veiculavam o argumento conservador, colocando o Estado como personificação da ética, aparecendo no fascismo na Itália, no nazifascismo na Alemanha e integralismo no Brasil.

Os “esquerdistas” submeteram o cristianismo a severas críticas, lideradas por Karl Marx, estendendo-se para a vida social. Em 31 de março de 1848, quando o Espírito do ex-mascate Charles Rosman assinalava novos horizontes em Hysdesville, nos EUA, o impaciente Marx publicava em Bruxelas, por ocasião do Segundo Congresso da Liga Comunista, o famigerado “Manifesto Comunista”, conclamando a união dos “proletários” da Terra.

O rusguento autor de “O Capital”, sedento de “liberdade”, defendia fortemente a tese de que a solução das questões econômicas do mundo seriam através do arrogante socialismo “científico”, dando asas para o materialismo e/ou comunismo ateu. Em sua feroz indignação contra a superestrutura do cristianismo, Marx vociferava que o “a religião era o ópio do povo”, uma autêntica emanação do “bicho-papão” do capitalismo.

Ainda naqueles idos de 1859 era lançado o livro que estava destinado a abalar os alicerces da ideia da origem biológica do homem e dos seres da natureza. O britânico Charles Darwin entra para a história com o livro intitulado “A origem da vida pela seleção natural das espécies”. Contudo, desde o seu lançamento, O Livro dos Espíritos permanece inabalável. Já decorreram 158 anos e o Espiritismo conserva-se moderno e insuperável nos seus princípios.

A Doutrina dos Espíritos está alicerçada nos princípios da existência de Deus, da existência e sobrevivência do Espírito, nas leis morais, na reencarnação, na pluralidade dos mundos habitados, na comunicabilidade dos Espíritos. Não trata de ocultismos, não prescreve práticas adivinhatórias, não tem em suas páginas propostas sacramentais, ritos, nem liturgias. É uma doutrina de base científica, filosófica e religiosa. Seus argumentos, marchando passo a passo com o progresso, jamais serão ultrapassados. Se novas descobertas demonstrarem estar em erro sobre um dos seus pontos, o Espiritismo se renderá modificando esse ponto suspeito. Se uma verdade vier a ser revelada ele a incorporara.

Um dos sinais de vitalidade do Espiritismo é a sua sintonia com o tempo, e isso se reflete nos grupos acadêmicos de pesquisa sobre os preceitos doutrinários. Nas universidades há um crescente interesse pela literatura espírita, mormente especialistas de área de física quântica, matemática, psicologia, medicina, sociología e história. O fato de se encontrar estudiosos espíritas entre doutores das principais universidades brasileiras é uma prova evidente de que o Espiritismo se firmou como doutrina numa parcela influente do país.

Notas:

[1] Consiste em adaptar-se à cesta uma haste de madeira (15 cm) inclinada. Por um buraco aberto na extremidade dessa haste, ou bico, passa-se um lápis bastante comprido para que sua ponta assente no papel. Pondo o médium os dedos na borda da cesta, o aparelho todo se agita e o lápis escreve. Obtém-se assim dissertações de muitas páginas 


[2] É uma cestinha de quinze a vinte centímetros de diâmetro (de madeira ou de vime). Onde adapta-se um lápis. O movimento da cesta não é automático, como no caso das mesas girantes; torna-se inteligente. Com esse dispositivo, o lápis, sempre ao chegar à extremidade da linha, não volta ao ponto de partida para começar outra, continua a mover-se circularmente, de sorte que a linha escrita forma uma espiral, tornando necessário voltear muitas vezes o papel para se ler o que está grafado. 

sexta-feira, 13 de março de 2015

MEDIUNIDADE - POSSIBILIDADES E DESAFIOS (Jorge Hessen)

Jorge Hessen

A mediunidade, digamos natural, é uma faculdade psicofísica presente em todas os seres humanos. Porém, nem todos percebemos a presença ostensiva dos Espíritos. É uma percepção à qual Charles Richet chamou de “sexto sentido”. Ela sempre esteve presente na História da humanidade desde as épocas mais recuadas. O surto de manifestação dos fenômenos mediúnicos é efeito natural da maior incidência dos Espíritos sobre os homens.

Allan Kardec diz que não se deve lidar com a mediunidade sem conhecê-la. Aquele que frequenta uma casa espírita com a exclusiva intenção de servir apenas no campo da mediunidade não entendeu ainda o papel do Espiritismo em sua vida, muito menos a oportunidade que está tendo de servir com equilíbrio na Causa do Bem. Uma Casa espírita proporciona muitas tarefas diversificadas no campo da evangelização, da assistência social, da divulgação, da administração etc.

Médium ignorante, em desequilíbrio, é médium obsedado. O grande tratamento para este mal (obsessão) que hoje dizima milhões de criaturas que se encontram em estado de psicopatologia degenerativa, com desequilíbrio da personalidade e da própria vida mental, repetimos, é o estudo da mediunidade e o trabalho cristão. O Espiritismo oferece ao homem a direção moral para que ele, erguendo-se na ordem psíquica moral e emocional, passe a sintonizar com os espíritos evoluídos de cujo contato sobrevirão efeitos aprazíveis.

A mediunidade esteve presente em Francisco de Assis; contudo, igualmente esteve presente nos seres mais aberrantes da humanidade. Nabucodonosor pereceu sob o látego da possessão (licantropia). Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo. Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali vistos frequentemente, até que lhe exumaram os despojos para a incineração. Há notícias que revelam ter sido Adolfo Hitler portador de uma mediunidade especialmente exercida em Berlim, no grupo de Tullis, entre os anos de 1914 e 1918. A mediunidade, portanto pode acentuar estados psicopatológicos muito graves por desequilíbrio do indivíduo.

Mas a mediunidade potencializou as energias espirituais de uma Tereza d’Ávila, de uma admirável Rita de Cássia, de uma abnegada irmã Dulce da Bahia, de um “cisco” Cândido Xavier ou tantas outras personalidades que na história conseguiram atrair o pensamento universal pela síntese do amor e pelo intercâmbio com os Espíritos elevados.

A mediunidade, hoje tão vulgarizada pelas novelas da tevê, é ainda pouco compreendida pelos cristãos, não obstante esteja muito bem descrita nos Atos dos apóstolos, mormente nas assertivas de Paulo quando cita os dons e os carismas dos médiuns. Escreve o Convertido de Damasco que uns veem, outros ouvem, outros falam, outros profetizam e outros curam. Ora, os dons nomeados por Paulo e os carismas nada mais são que a mediunidade.

Nos tempos apostólicos a mediunidade atinge a culminância desde o famoso dia de Pentecoste, em que foram produzidos diversos fenômenos físicos tais como sinais luminosos e vozes diretas, psicofonia e xenoglossia. Naqueles áureos idos históricos o magnetismo curativo através do passe era muito exercitado. Através de Jesus, muitos fenômenos ocorreram. Em Cafarnaum e Jericó O Cristo aplica o passe aos cegos; em Betsaida (piscina de Siloé) levanta os paralíticos; em Gerasa liberta possessos.

Paulo, através da clarividência, vê o próprio Cristo e se converte definitivamente nas portas de Damasco. Nos domínios dos fenômenos de efeitos físicos notamos Jesus no rio Jordão diante do fenômeno de pneumatofonia (voz direta) durante o célebre batismo. Nas bodas de Caná, Jesus transforma água em vinho. Em Betsaida e Gerasa o Mestre divino promove a multiplicação dos peixes e pães pelo processo de transubstanciação. Em Genesaré o meigo nazareno caminha sobre as águas no processo de levitação. No Tabor o Governador da Terra promove a transfiguração. Na Galileia abranda a tempestade. Sob o império dos fenômenos de efeitos intelectuais, Jesus antevê a Sua crucificação, prevê a negação de Pedro, pressagia a traição de Judas e previne a dispersão do povo judeu. No jardim de Getsamani provoca o fenômeno de clarividência e clariaudiência.

Nos tempos do Calvário os apóstolos (na condição de médiuns) sofriam inquéritos e terríveis perseguições: Pedro e João são presos; Estevão é morto a pedradas; Tiago, filho de Zebedeu, é morto a golpes de espada; Paulo é decapitado na via Ápia, em Roma; Pedro é crucificado. Mesmo sofrendo profunda estagnação e desvios, o “Cristianismo” nos presenteia com belos fenômenos mediúnicos: Tertuliano, através da sua bacia, profetiza; Francisco de Assis tem visões arrebatadoras; Lutero tem visões aterradoras; Teresa d'Ávila viaja em desdobramentos; José de Cupertino promove a levitação diante do papa Urbano III; Antônio de Pádua trazia a bicorporeidade.

Detalhe importante: a mediunidade não traz regalia a ninguém. Por oportuno, lembramos o exemplar histórico de Chico Xavier. Ele que aos 15 anos ficou órfão, aos 8 trabalhava à noite numa fábrica de tecidos, aos 12 ralava num empório, e laborou por 32 anos como escriturário no ministério da agricultura. Chico, durante três anos (dos 12 aos 15) foi acometido de coreia, ou mal de São Guido. Na década de 40 o “Mineiro do século” foi acionado judicialmente pela família de Humberto de Campos. Logo depois, como se não bastassem tantos desafios, foi submetido a uma cirurgia de hérnia estrangulada. Em 1958 teve que mudar-se para Uberaba por causa dos escândalos provocados por um sobrinho atormentado. O médium mineiro era cego de um olho e carregava uma catarata no olho esquerdo, e ainda sofria de constantes ataques de angina, e muito mais.


Infelizmente há pessoas que ao sentirem influência dos Espíritos creem que por isso estão prontas para lidar com os seres do além-tumba. Comumente não aceitam a ideia de que precisam se instruir sobre o tema. Qualquer médium que não tiver os cuidados necessários com a sua edificação moral e se colocar a serviço do intercâmbio sem o devido preparo e conhecimento cairá fatalmente presa de Espíritos perversos. Ninguém é obrigado a “desenvolver” a mediunidade. É absurda a ideia de que a mediunidade é a causa de sofrimentos e desajustes psíquicos. Naturalmente, os médiuns ostensivos, que já demonstram algum “sinal” desde cedo, devem ser submetidos obrigatoriamente ao estudo disciplinado e à orientação doutrinária dentro de um centro espírita que possa dar-lhe direcionamento seguro de sua faculdade.

quinta-feira, 5 de março de 2015

TRIPALIUM - TRABALHAR É PRECISO (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
Uma palavra que compõe o vocabulário de qualquer pessoa é trabalho. O costume de acordar cedo, se preparar e sair para a batalha do ganha-pão é comum na vida de bilhões de pessoas que necessitam ganhar o salário para sustento próprio ou da família. A palavra “trabalho” deriva do latim “tripalium”, que significa “castigo”. A etimologia da palavra é bem pertinente, pois muitas pessoas consideram o trabalho uma verdadeira “tortura” diária.

O tripalium era uma espécie de estaca que era fincada no chão para servir de tronco para o castigo dos escravos da Idade Média. A acepção da palavra trabalho contribui para uma visão desagradável dessa atividade diária tão importante na vida do homem. Mas, ainda hoje, trabalhar é visto como uma punição imposta aos cidadãos, mas a interpretação do trabalho deve ser positiva, pois é uma atividade que engrandece o homem e lhe dá a oportunidade de progredir material e espiritualmente.  O trabalho é, portanto, gratificante!
A capacidade de trabalhar é um diferencial importante na vida do espírito. Quando surgiu, no Brasil, o livro “Nosso Lar”, alguns “espíritas” ficaram desapontados e rebelados ao depararem que a vida no além túmulo prosseguia de modo muito análogo, inclusive com exigências de árduos trabalhos “braçais”. Tais “leitores” esperavam ir para o “paraíso” e ficarem de “papo pro ar”, ouvindo   corais de “anjinhos espíritas” cantando “Quanta luz...”. Porém, André Luiz enfatiza na obra que o trabalho é fator indispensável para o progresso do espírito, e que a oportunidade de trabalhar, no mundo dos “mortos”, é considerada uma excelsa benção.
Na Terra, portanto, sendo o trabalho uma lei natural constitui uma necessidade humana. Mas, por que se impõe o trabalho ao homem? Segundo os Espíritos, “por ser uma consequência da nossa natureza corpórea. É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da inteligência. Sem o trabalho, permaneceríamos sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que nosso alimento, nossa segurança e bem-estar dependem do nosso trabalho e da nossa atividade.” [1]
Dizem os Espíritos que nos planetas mais aperfeiçoados, “o caráter do trabalho está em relação com a natureza das necessidades. Quanto menos materiais são estas, menos grosseiro é o trabalho. Mas, não concluamos daí que o homem se conserve inativo e inútil. A ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício.” [2]
Aqui na Terra os ricos não estão isentos da lei do trabalho, pois têm a obrigação de tornarem-se úteis, conforme aos meios de que disponham. Não está, é certo, constrangido a alimentar-se com um serviço mais braçal, mas tanto maior lhe é a obrigação de ser útil aos seus semelhantes, quanto mais ocasiões de praticar o bem lhe proporciona a riqueza.” [3] Obviamente, quando ponderamos sobre a lei do trabalho lembramos a “necessidade do repouso físico que serve para a reparação das forças biológicas e também da necessidade de dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.” [4]
No trabalho não somente surpreenderemos o caminho do aprimoramento próprio, mas igualmente a ginástica do espírito conferindo-nos sustentação e segurança. A rigor, o trabalho, ao lado da família, é uma das colunas do nosso desenvolvimento espiritual aqui na Terra. Sejamos gratos ao trabalho, à nossa capacidade de fazer, de produzir, de transformar, de construir.

Referência bibliográfica: 
[1] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, pergunta 676.
[2] Idem, pergunta 678
[3] Idem, pergunta 679
[4] Idem, pergunta 682.