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sexta-feira, 31 de julho de 2015

SOMOS LEGATÁRIOS DAS NOSSAS OBRAS (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
Pesquisando aqui e ali esbarrei com histórias curiosas. Uma delas foi o recente reencontro entre dois amigos (ex-jogadores de futebol) que se uniram deslumbrados pela bola e após abandonarem os gramados seguiram rumos opostos. Seus nomes? Ronaldo Souza e Carlos Eduardo se conheceram na década de 1990 no pequeno time da Portuguesa da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Contudo a vida dos dois tomaria caminhos diferentes: Carlos virou magistrado e Ronaldo traficante de drogas. Decorridos quase 20 anos, o caminho dos dois se cruzou outra vez e, graças à intervenção de Carlos (o magistrado), Ronaldo (o criminoso) ganhou o benefício de trabalhar fora da cadeia. [1]

A história dos dois começou na juventude. Além da Portuguesa, a dupla atuou junto em outros times pequenos do Rio. Carlos jogava mais pela ala esquerda e Ronaldo era centroavante. Posteriormente, separados, eles passaram por vários clubes do Brasil. Carlos jogou no Vila Nova, Aracruz e União Barbarense, mas percebeu que o futebol não lhe daria equilíbrio financeiro. Estudou muito e se formou em direito e em seguida passou no concurso de juiz. Hoje, é o titular da vara de Execuções Penais e cuida dos cerca de 25 mil presos do Estado do Rio.

Ronaldo, porém, nos últimos anos de carreira, já desmotivado, começou a se envolver no submundo do crime. Foi preso em 2003. O processo criminal de Ronaldo caiu na mesa de Carlos em dezembro de 2014. Com um atestado de bom comportamento na prisão, Ronaldo solicitava o benefício de trabalhar fora da cadeia. Carlos, impedido de decidir por ter laços de amizade com Ronaldo, deixou o processo nas mãos de outro juiz. Mas, como titular da vara, foi ele quem assinou o documento que oficializou o benefício.

No dia do reencontro no fórum, Ronaldo parecia tenso, constrangido, mas a gratidão no rosto e nas palavras prevaleceram. Pronunciou ao amigo e então meritíssimo juiz que “na lei da semeadura colhemos o que semeamos, então temos que procurar plantar coisa boa, pra colher coisa boa, sei que infelizmente não plantei o melhor”. Após agradecer a oportunidade e relembrar os momentos de jogador, o tão esperado momento de sair do carceragem enfim aconteceu. 

Outro episódio singular ocorreu na corte de justiça de Miami nos EUA, quando dois ex-colegas do “ginasial” se reencontraram em situações de vida bastante adversas. Em uma sessão, a juíza Mindy Glazer reconheceu Andy Booth (acusado de assalto e distúrbios na ordem de trânsito) – como seu ex-colega de turma. O acontecimento (difundido pelo You Tube) e citado pela imprensa internacional foi ainda mais impactante quando a juíza pronunciou, em palavras francas, que Booth era “o cara mais legal da escola”. Entretanto, diferente do desfecho entre o juiz Carlos e o traficante Ronaldo, ocorrido no Rio de Janeiro, lá nos EUA o assaltante Booth chorou muito diante da ex-colega de ginásio quando a reconheceu. A juíza Glazer lastimou a situação do ex-colega de escola e aplicou-lhe a penalidade cabível, emitindo sinceros votos para que Andy conseguisse mudar o próprio futuro.[2]

Tais fatos incomuns e inesperados foram amplamente divulgados, e valem como uma sentença para reflexões: a todo momento devemos fazer opções na vida e as alternativas cotidianas edificam nossa história. Gradativamente vamos bancando nossa caminhada e cada dia em que preenchemos os espaços da experiência com boas decisões precisa ser celebrado. A conquista de uma situação social digna e segura é erigida palmo a palmo, dia após dia, insistindo no caminho do esforço e do bem.

Na Lei de Causa e Efeito estão compendiadas as dinâmicas que harmonizam as demandas ético-morais. Compreendemos que a justiça humana está apoiada na legislação terrestre, sob códigos judiciais instituídos pelos juristas. Quando há uma demanda qualquer, os conhecedores desses códigos analisam o processo, julgam e decidem os corretivos aplicáveis ao réu. A justiça dos homens se alicerça no arbítrio e segundo a visão dos meritíssimos.

Contudo, considerando a justiça divina a apreciação das infrações tem outra conotação. Os efeitos dos atos se dão de forma direta e natural, sem intercessores. Numa falta, a punição se situa de modo adequado e interrompe espontaneamente, com os mecanismos do arrependimento eficaz, da expiação e da reparação do erro. 

Nos códigos da justiça divina não há dois pesos e duas medidas. Inexiste espaço para injustiças e as leis são inabaláveis e não podem ser burladas. As leis divinas não admitem exceções, nem concessões. Todavia, como reconhecer essas leis? Ora, auscultando a consciência, que é onde está escrito o código divino. 

Se sabemos que as consequências dos nossos atos ocorrerão, que somos herdeiros das nossas obras, podemos suscitar, se quisermos, efeitos suaves para o futuro. Se hoje padecemos as sequelas de atos equivocados já cometidos, basta enfrentar os efeitos, sem nos queixar dos sofrimento, e agir com um comportamento ético-moral harmônico com o resultado que aspiramos conseguir amanhã. 

No campo moral a justiça divina rege a vida humana, distribuindo a cada um segundo as próprias obras, sem intermediários. Destarte, se desejamos um futuro próspero, procuremos acertar nossos passos em consonância com a consciência, que é sempre um guia infalível onde estão grafadas as leis do Criador. 

E, se não tivermos certeza de como agir corretamente, recordemos aquela regra de ouro: “façamos aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem” [3], e não há como errar.

Referências:

[1] Disponível em http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/08/o-traficante-e-o-juiz-um-reencontro-anos-apos-abandonarem-o-futebol.html acesso 28/07/15

[2] Disponível em http://revistamarieclaire.globo.com/Web/noticia/2015/07/suspeito-de-roubo-chora-em-julgamento-ao-reconhecer-que-juiza-era-sua-amiga-de-escola-assista.html acesso em 28/07/15

[3] Mateus 7:12

segunda-feira, 27 de julho de 2015

REENCARNAÇÃO - GURIS E GURIAS GENIAIS SANCIONAM O RENASCER (Jorge Hessen)


Jorge Hessen


Quem são os guris e gurias prodigiosos? O que é a genialidade, o virtuosismo? O que faz na Terra um supertalentoso? Qual é o seu futuro? Perguntas essas que somente podem ser respondidas tendo a pluralidade das existências como verdade inconteste e mecanismo natural de evolução do Espírito. Sem a pluralidade das existências não há como explicar os fenômenos dos gênios mirins.

Pesquisadores acadêmicos, por mais que investiguem e arrisquem explicar as atuações de crianças e jovens com inteligências muito acima da média, oferecem frágeis hipóteses, discorrendo sobre causas obscuras, influências enigmáticas, recalcamentos e complexos mágicos. Os teólogos, laborando na inaptidão de elucidação racional e experimental, adjudicam tudo aos insondáveis mistérios da vontade do Altíssimo. Em verdade, a temática sobre reencarnação, sob o ponto de vista espírita, não foge à ciência, não teme debate, não se enlaça a dogmas e repele o materialismo. A Doutrina dos Espíritos está inteiramente habilitada para explicar o admirável fenômeno das crianças e jovens prodígios pelas considerações reencarnacionistas.

Por cabível, citemos a título de ilustração alguns nomes para lá de prodigiosos. Mozart e Chopin, por exemplo, trouxeram de reencarnações anteriores um nível de habilidade para a música extremamente superior aos músicos comuns. Quando tais virtuoses reencarnaram, simplesmente complementaram os conhecimentos e habilidades que permitiram acrescentar aquele degrau que passaria a habilitá-los à classe de Gênios. Assim, tais espíritos, em vez de trazerem somente um potencial latente, apresentam no cérebro físico a porta aberta do setor da memória espiritual. Recordando não como intuição, mas como lembrança concreta daquela habilidade desenvolvida no passado.

Miguel Ângelo, aos doze anos já era um magistral artista; Balzac, aos oito já compunha pequenas comedias; Wagner, aos 6 já havia lido a história de Mozart; Carlyle aprendeu a ler aos 4; Alexandre Dumas, aos 4 lia a História Natural de Buffon. Walter Scott aprendeu a ler entre 3 e 4 anos. Voltaire, educado por um padre, aprendeu a ler aos 3. Antes dos 12 versejava com admirável fluência; Goethe, aos 7 compunha versos em latim e, antes dos 9, fazia um poema, parte em latim, parte em grego e parte em alemão; Hermógenes, aos 15 ensinava retórica ao imperador Marco Aurélio; Victor Hugo, aos 13 ganhava um prêmio nos jogos florais de Toulouse; Stuart Mill, aos 8 já conhecia o grego perfeitamente e aos 10 aprendeu o latim.

Há diferentes talentos presentes nos gênios mirins contemporâneos. Vejamos: Kim Yong-Ung frequentou a Universidade aos 4 de idade e no seu quinto aniversário resolveu um complicado cálculo diferencial e integral; doutorou-se aos 15 anos. Kevin Michael Kearney falou suas primeiras palavras aos quatro meses, e quando tinha seis meses disse ao seu pediatra: "eu tenho uma infecção na orelha esquerda", e aprendeu a ler aos 10 meses. Mikaela Irene Fudolig entrou para a Universidade das Filipinas aos 11 anos. Fez bacharelado em Ciências Físicas aos 16 anos e era a melhor aluna de sua turma de formandos.

Akrit Pran Jaswal (da Índia) se tornou conhecido quando realizou sua primeira cirurgia, com apenas sete anos de idade. Entrou na universidade de medicina aos 12 anos, e aos 17 já estava graduado em Química Aplicada. Taylor Ramon Wilson é a pessoa mais jovem do mundo a construir um fusor nuclear. Aos 10 anos, Taylor construiu uma bomba e aos 14, o fusor. Em maio de 2011, ganhou o prêmio International Science and Engineering Fair Intel, graças ao seu detector de radiação. Cameron Thompson é um prodígio da matemática do norte do País de Gales. Quando tinha quatro anos de idade corrigiu seu professor sobre sua afirmação de que zero é o menor número. Jacob Barnett, aos 10 anos de idade se matriculou na Universidade de Indiana. Enquanto estudava, afirmou que um dia poderia refutar a Teoria da Relatividade de Einstein. Atualmente ele está trabalhando em seu PhD em Física Quântica.

March Tian Boedihardjo nasceu em Hong Kong e é a pessoa mais jovem a se matricular na Universidade de Hong Kong, aos nove anos de idade. Balamurali Ambati nasceu em 29 de julho de 1977, e foi a pessoa mais jovem do mundo a se formar na carreira de medicina. Aos 13 anos já tinha se graduado da Universidade de Nova Iorque, e aos 20 terminou sua residência na Universidade de Harvard e se graduou como oftalmologista.

Gregory R. Smith, pode parecer brincadeira, mas aos 14 meses já sabia as 4 operações aritméticas e aos dois anos já lia perfeitamente, inclusive corrigindo os erros gramaticais que encontrava. Ruth Elke Lawrence, aos 8 anos já tinha atingido o nível intelectual de matemática mais alto que se pode obter – "Grau A em Matemática Pura". Aos 11 anos, Ruth entrou na universidade de Oxford, onde se graduou com honras 3 anos mais tarde. Continuou seus estudos até obter seu doutorado, com 18 anos, sendo professora da Universidade Hebreia de Jerusalém. William Hamilton conhecia treze línguas em sua infância, e aos dezoito anos foi proclamado o melhor matemático de sua época.

Só a pluralidade das existências pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a genialidade, a desproporção das qualidades morais; enfim, todas as desigualdades que alcançam a nossa vista. Fora dessa lei, indagar-se-ia, inutilmente, por que certos homens possuem supertalentos, sentimentos nobres, aspirações elevadas, enquanto muitos outros só manifestam paixões e instintos grosseiros. A influência do meio, a hereditariedade (privilégios biogenéticos) e as diferenças de educação não bastam, obviamente, para explicar esses fenômenos. Vemos os membros de uma família, semelhantes pela carne, pelo sangue, pelo histórico genético, e educados nos mesmos princípios, diferençarem-se ao infinito em muitos pontos.


No século XIX, numerosos pensadores renderam-se à reencarnação: Dupont de Nemours, Charles Bonnet, Lessing, Constant Savy, Pierre Leroux, Fourier, Jean Reynaud. A doutrina das vidas sucessivas foi vulgarizada para o grande público por autores como Balzac, Théophile Gautier, George Sand e Victor Hugo. Pesquisadores como Ian Stevenson, Brian L. Weiss, H. N. Banerjee, Raymond A. Moody Jr., Edite Fiore e outros trouxeram resultados notáveis sobre a tese reencarnacionista. É possível que, em um futuro próximo, os estudos nessa direção cheguem aos mesmos resultados já afirmados pelo Espiritismo. Grande parte das tentativas de estudar prodígios mirins, sem levar em conta a pré-existência do Espírito, esbarra em resultados nada satisfatórios ou em dificuldades insuperáveis, em face da necessidade de se considerar essa hipótese. Caso contrário, entra-se em um beco sem saída e o progresso da Ciência nessa área permanecerá na inércia.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A HONESTIDADE NÃO NECESSITA DE ELOGIOS – É OBRIGAÇÃO HUMANA (Jorge Hessen)


Jorge Hessen

Não experimento qualquer regozijo quando leio as notícias sobre pessoas que são festejadas por atos de honestidade. Isso significa que ser honesto é ser exceção numa maioria desonesta. Despertou-nos a atenção um recente roubo ocorrido em Canna, uma pequena ilha da Escócia. O imprevisto ocorreu em uma loja gerenciada pelos próprios fregueses , que vendia comidas, produtos de higiene pessoal e outros utensílios. Produtos como doces, pilhas e chapéus de lã artesanais foram roubados, sendo a loja revirada pelos ladrões. Parece coisa pequenina para nós brasileiros, mas o roubo assombrou os residentes de Canna, que não viam nada parecido acontecer por ali havia meio século. 

A loja permanece aberta em tempo integral e o pagamento da compra dos produtos é feito na “boa fé” ou "caixa da honestidade": os fregueses deixam o dinheiro junto com um bilhete descrevendo o que compraram. Se confrontarmos a realidade do Brasil, seja na educação, na saúde, na ética, na honestidade com outros países sérios, surgem desculpas sempre esfarrapadas quais: o Brasil é “especial”, é a “pátria do Evangelho”(!??...) , é continental, tem uma história “mística” etc... A cantilena é incansavelmente repetida. 

Não obstante saibamos que o Brasil como território é um paraíso, um lugar formoso; de uma natureza exuberantemente cativante, com rios, cachoeiras, florestas, ilhas e mares de nos fazem suspirar. Mas, inventamos “trocentas” desculpas para nossos déficits e barbáries morais. Em face disso, é urgente uma insurreição moral, entronização do cultivo da honestidade, destruição do status do embuste, o fim da vulgaridade inebriante, notadamente a que tange para a degeneração ética através de permissões para a pilhagem, a falcatrua, a corrupção em todas os covis institucionais do País.

Acredite se puder, mas recentemente decifrei uma “pesquisa” garantindo que os brasileiros, na sua maioria, são “honestos”. Isso mesmo, honesto! Seria cômico se não fosse trágico tal resultado. É risível confiar em tal “pesquisa”! Os questionários abordavam circunstâncias como não devolver o troco recebido a maior, sonegar imposto de renda, estacionar na vaga destinada a idosos e deficientes físicos, apossar-se de canetas, lápis, borrachas, elásticos e envelopes da empresa ou órgão público onde trabalha, ficar com o dinheiro de uma carteira achada na rua, “furar” a fila no embarque do ônibus, exceder o limite de velocidade ou avançar o sinal de trânsito, usar cópia ilegal de softwares de computador, dirigir quando bebeu acima do limite permitido, etc, etc, etc, etc, etc.... 

Tal “pesquisa” realizada no “Coração do mundo”(!?) concluiu que os brasileiros são mais honestos que os europeus submetidos à mesma “pesquisa”. É óbvio que tal “pesquisa” no Brasil não é a radiografia da realidade: os brasileiros, com as justas ressalvas, são capazes de múltiplos atos desonestos. Ora, num país em que ainda impera a chamada “Lei de Gerson” em que o fim é obter vantagem, o meio utilizado não faz diferença. As respostas dos “entrevistados” atestam um fato inquietante que além de desonestos os “entrevistados” são ao mesmo tempo mentirosos. 

Impossível negar que a grande maioria dos brasileiros praticam os pequenos atos de desonestidade contidas nas perguntas da “pesquisa”, porém, raros são capazes de admitir que o cometeriam. Diante de tantas evidências, seria justo hastearmos a bandeira de um povo incorruptível? ... E como transformar essa conjuntura? É elementar, meu caro Watson!, diria Sherlock Home, é necessário que assumamos a consciência de que não somos sinônimo de reputação “NOTA DEZ”, em seguida, cultivarmos as transformações necessárias em nossa índole comportamental. Desonestidade é, especialmente, desrespeito pelo próximo e todo ato desonesto provoca algum tipo prejuízo à sociedade.

No país em que o valor máximo da vida pode ser depositado em instituições financeiras, onde o sensualismo e o culto ao corpo físico substituiu os valores do espírito, onde a honestidade é desmoralizada sem piedade pelo indesejável “jeitinho”, continuaremos bem longe da harmonia social. Apesar disso, é preciso confiar no futuro. Importa assumirmos sincera confiança nos homens que vivem nestas plagas abençoadas e no porvir edificarmos os alicerces do edifício do Evangelho de Jesus na Pátria do “Cruzeiro do Sul”.

Tudo no universo encontra-se em constante metamorfose e aprimoramento, por isso o progresso é uma das finalidades da vida. Na natureza não ocorrem saltos. Algumas etapas devem ser percorridas para ser possível atingir-se a fase subsequente. Tais conquistas não são obras do acaso e nem brotam de um momento para o outro. Todavia, a honestidade é justamente uma das primeiras virtudes a serem conquistadas por quem deseja a paz e a felicidade na sociedade. 

Ser honesto implica confirmar fidelidade em todos os aspectos da existência. O homem honesto realiza as tarefas que lhe cabem, com ou sem testemunhas e aplausos, até porque, ao agir honestamente, ninguém faz mais do que a obrigação.

terça-feira, 14 de julho de 2015

PRECONCEITOS NAS ARREPIANTES “TENTAÇÕEZINHAS” (Jorge Hessen)

Jorge Hessen

O genial Albert Einstein sentenciava que “é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. O consolidador do Espiritismo, Leon Denis, assegurava que “a ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito”. Dia desses um confrade confessou-me “não tenho preconceito nem social, nem político, nem religioso, porém por mais que eu tolere e conviva com gays, por exemplo, fico com uma “pulga atrás da orelha”. Sabe aquele “tentaçãozinha’ incômoda e sinistra ao observar alguém que não se enquadra com o que você acredita? Mas tenho consciência que o mundo foi feito para todos.” (sic)

É impressionante que, em pleno século 21, nos encontremos com pessoas “sem noção” que ainda alimentam seus preconceitos nas pastagens das discriminações e racismos. Recentemente o “Jornal Nacional” lançou uma nova forma de comunicação, arriscando tanger pela informalidade, nesse novo formato a jornalista Maria Júlia Coutinho tem se destacado. Porém, há ainda descerebrados que bancam comentários racistas, em pleno século XXI, de absoluto preconceito contra a jornalista, apenas por ela ser negra. 

Preconceito nada mais é do que uma ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento lógico. Caracteriza-se como um juízo preconcebido, geralmente manifestado na forma de atitude discriminatória perante pessoas, lugares, tradições, crenças; resumindo, é um julgamento prévio completamente irracional. Sob tais sentimentos golpeamos o próximo sem avaliarmos a dimensão do estrago psicológico.

Discorrendo sobre o abominável preconceito, divulgou-se muito sobre a tal “uniformização de babás” no Estado de São Paulo. Preconceito é preconceito em qualquer lugar, seja em casa, na escola, na rua, no local de trabalho, etc. No ambiente de trabalho, pode causar sérios problemas entre os trabalhadores. Em face dessa discussão, indagamos, seria a exigência do uniforme branco para as babás no dia a dia do trabalho válida, como ocorre em inúmeras profissões, ou poderia se transformar em instrumento de segregação? 

A recente decisão do Ministério Público de abrir um inquérito contra o Clube Pinheiros para apurar a exigência de que babás usem roupa branca para entrar no local foi elogiada pela OIT (Organização Mundial do Trabalho). Segundo Amelita King Dejardin, especialista da OIT, em trabalhadores doméstico o uniforme deixa claro que babá é serviçal, dá status para a patroa no palco social. Muitos patrões exigem desfilar com suas babás com uniformes brancos “apresentáveis”, como forma de deixar claro que as babás não são parentes ou amigas da família. Não é apenas um uniforme. Em casos assim, é um uniforme usado para identificar uma classe social diferente, usado para marcar uma identidade social. Assim, ações como essas (do Ministério Público) ajudam a trazer à tona um problema velado. 

Obviamente, profissionais como militares, médicos e pilotos, por exemplo, usam uniforme e até se orgulham disso. Mas é preciso levar em conta que o problema do uniforme do trabalhador doméstico seja no clube, no shopping, nos hipermercados e até nas praias, por exemplo, é preconceituoso, pois essa pessoa é vista como à de uma classe mais baixa (inferior). Isso viola, sem sombra de dúvida, os princípios constitucionais da igualdade e da dignidade da pessoa humana. A regra é discriminatória.

A formação do preconceito é fundamentada em alguns componentes: crenças, valores, sentimentos e tendências comportamentais. O ponto de partida costuma ser o estereótipo, segundo a psicologia social, ou seja, uma ideia, conceito ou modelo que se estabelece como padrão. É cultivado quando uma imagem de determinadas pessoas, coisas ou situações são preconcebidas, definindo e limitando pessoas ou grupos de pessoas na sociedade.

As nossas compreensões pueris, na maioria das vezes derivadas da tradição e dos costumes, teceram “ideologias” e estigmatizaram “povos”. As crenças, valores e opiniões são transmitidas sem exame e sem crítica. Alguns as internalizam irrefletidamente, acabando por influenciar o seu modo de agir e de considerar as coisas. O preconceito, ideia formada antecipadamente, não nos deixa observar as coisas como elas realmente as são. O Espiritismo ilumina o tema afirmando que a convivência fraterna é a porta de entrada para o mundo de regeneração. Sem aprendermos a construir uma relação pacífica com os “desiguais” e suas “diferenças”, será muito difícil regenerar nossos costumes e nossas atitudes. 

Com o princípio da reencarnação desaparecem todos os preconceitos especialmente, de sexo, de gênero, de raça e de classe social, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da Natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade de ser, de não ser, de ir e de vir. 

A beleza da vida está no fato de todos sermos iguais e desiguais, filhos de um mesmo PAI, e termos algo de novo para instruir. Compete-nos, pois, abrir o coração e a mente para harmonizar esse mundo novo de vivências altruístas e alteritárias.

sábado, 11 de julho de 2015

EXISTIRÁ ESTATUTO DO “MENOR” PARA DELINQUENTES “MIRINS” NO ALÉM-TÚMULO? (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
Confrontando 100 países que registraram taxa de homicídios, entre 2010 e 2014, para cada grupo de 100 mil habitantes, a Organização das Nações Unidas revelou que o Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking dos países mais violentos, isso mesmo, SÉTIMO!!!. Só ficando atrás de El Salvador, da Guatemala, de Trinidad e Tobago, da Colômbia, Venezuela e de Guadalupe. Ora, uma sociedade corrompida como a brasileira com certeza precisa de leis severas. Embora, na prática, as leis mais se destinam a punir o efeito do mal, do que a lhe combater a causa. Nesse sentido, “só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas.” [1]

No entanto, falar sobre a Educação no Brasil é quimera.  Em verdade na pátria do “Cruzeiro do Sul” a irreflexão de mestres e educadores imaturos, não habilitados moralmente para os relevantes misteres de preparação das mentes e caracteres em formação, contribui com larga quota de responsabilidade no capítulo da delinquência juvenil, da agressividade e da violência vigentes na tal “Pátria do Evangelho”.

No Brasil paira no imaginário coletivo uma estranha sensação de impunidade. O que a população, ou a maioria, quer que não persista esse sentimento de um judiciário pusilânime  quando crimes graves contra a vida são praticados por “menores” , sobretudo os que estão prestes a completar 18 anos.  Essa percepção de absoluta desassistência judicial nas plagas debaixo do equador é inquietante. Notamos que muitos dos chamados “menores” zombam do judiciário quando são “apreendidos” [detidos] e postos logo em liberdade. Tais seres assaltam, estupram, sequestram e matam às pessoas de bem, produtivos  pais de família, mulheres, idosos e tudo o mais que resolvam atacar, cientes que não serão punidos.

Mas, os códigos da Justiça do Criador estão escritas nas consciências humanas, sem exceção, sobretudo do “menor” criminoso (“infrator”), malgrado o Estatuto da Criança e do Adolescente.  Será que um espírita consciente crê que um criminoso “menor” que desencarne cometendo crimes terá no além-túmulo um estatuto diferenciado do criminoso de 18 anos que também desencarnou cometendo crimes? Será que as leis divinas se dobrarão aos estatutos de ressocializações para o “menor” criminoso (“infrator”)? O Umbral é o destino dos criminosos “menores” e maiores, e por lá permanecem muito além de três anos (quem sabe séculos ou milênios). Deus é misericordioso, contudo, Suas leis são neutras, inexoráveis, justas e INDEFECTÍVEIS.

É óbvio que não será amontoando milhares de “menores” no xilindró que vamos resolver os problemas de violência neste país. Urge criar boas escolas com dignos professores, ainda assim pesquisas demonstram que o menor não quer estudar, a legislação não permite que trabalhe, diante disso ele vai fazer o que? Podemos culpar os pais?, Talvez sim,  mas será que a sociedade está amparando o adolescente? Neste país de fábulas, carnavais e fantasias não há “níqueis de reais” para construção de casas de recuperação, mas sobram milhões de dólares para edificação das fraudulentas arenas de futebol.

Sem a recuperação do “menor” para a honra do bem, todo o progresso humano continuará agitando-se nos espinheiros da ilusão e do mal. Sei perfeitamente que é ingenuidade acreditar que a redução da maioridade para 16 anos resolverá o problema da criminalidade. O que o nosso país necessita é de ética, moralização, nacionalismo e educação. A única educação que poderia reduzir a criminalidade é a educação moral, aquela dada em casa pelos pais, a educação formal das escolas apenas instrui e há “menores “criminosos (“infratores”) muito bem instruídos.

No sistema correcional os presos (adultos) e os “apreendidos” (menores) deveriam aprender profissões úteis e trabalharem para fazer jus a salários. Tais criminosos deveriam pagar a comida e tratamento de saúde, e parte da remuneração deveria ser reservada para a família pobre daqueles que prejudicaram, como ressarcimento às suas vítimas. Tal sistema não devolveria vidas ceifadas pelo “menor”, nem eliminaria a dor familiar, mas poderia ser experimentado como opção de indenização.
Por certo a solução não deve ser tão simplista. Mas aos menores criminosos (“infratores”) deve haver punição, responsabilização e ressocialização. É dantesco sabermos que é alto o índice de reincidência em prisões que gira em torno de 70% e o nosso sistema prisional já não comporta mais presos. No Brasil, eles são, hoje, mais de meio milhão, a quarta maior população carcerária do mundo. Perdemos apenas para os EUA (2,2 milhões), China (1,6 milhão) e Rússia (740 mil).  Já no sistema socioeducativo, o índice de reincidência é de 20%, o que indica que 80% dos menores infratores são recuperados. Menos mal!

No Brasil, a “maioridade penal” (idade em que o acusado pode ser processado como adulto) conta a partir dos 18 anos, e a “responsabilidade criminal” (idade em que o acusado pode ser penalizado em regime diferenciado) a partir dos 12 anos. Cremos necessário haver alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente no que se refere ao aumento do tempo de “internação” (prisão), a fim de que o “menor” criminoso (“infrator”) com maior periculosidade possa receber, por mais tempo (o triplo do atual), visando um tratamento (corretivo) especial e qualificado, visando à sua reeducação e reinserção social. Não entendemos outro caminho.

Sem meios termos , apesar de ser a opinião dominante entre os especialistas que transformar de 18 para 16 anos a maioridade penal não restringirá a violência e não conseguirá afastar o “menor” da criminalidade, urge reconhecer que  é consenso, na maioria da população incrédula do judiciário, que medidas drásticas precisam ser tomadas para  garantir a redução da criminalidade para  que não sejam trucidados por “menores” ou maiores os cidadãos produtivos nessa insana e infinda  guerra  urbana.  

Como recomendam os Bons Espíritos, oremos  pelos criminosos (adultos ou “mirins”) sem esquecermos, no entanto, de deprecar paz a Deus a benefício de suas vítimas.

Referência:


 [1]         Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2000, questão 796 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

ENVELHECER É A POESIA DE VIVER (Jorge Hessen)

(Jorge Hessen)
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Conforme envelhecemos, o cérebro se reorganiza e passa a agir e pensar de maneira diferente. Essa reestruturação nos torna mais inteligentes, calmos e felizes.  “Para o ignorante, a velhice é o inverno; para o sábio, é a estação de colheita”, diz o Talmude.

Tornar-se velho é processo natural que pode ser atraente ou desfavorável. Sentimos constrangimento ao perceber a capacidade física diminuindo, no entanto a capacidade intelectual pode aumentar, assim como a experiência de vida.

Na velhice pode ocorrer relativa perda de memória, mas o aprendizado e raciocínio social melhoram, ou seja, na velhice há mais capacidade de navegar através das complexidades da vida na sociedade. Quando a libido, por exemplo, vai se esvanecendo o encanto de viver vai se alargando, não obstante a saúde física possa gerar queixas naqueles que não souberam ou não se prepararam para envelhecer.

Especialistas estão percebendo que a atitude mental tem um papel importante na decrepitude. Por isso, há pessoas que dizem se sentirem mais jovens do que realmente são. A perspectiva juvenil as torna mais ativas e mais longevas. Entretanto, por que existem pessoas desanimadas aos vinte anos, quando outros se sentem ativos aos oitenta? Em que tempo se deve colocar o limite entre a mocidade e a velhice? Feliz do velho que viveu a vida bem vivida e vive agora o esplendor da velhice com o espírito jovem, cheio de vida.

Se vivemos na disciplina do trabalho, com a ginástica na academia do pensamento digno, manteremos sempre saudáveis os músculos da juventude espiritual, a que se constrói, por fonte de inexaurível renovação, aperfeiçoando o presente e edificando o amanhã.

Não podemos execrar a velhice, quando vemos que o tempo nos traz a riqueza da experiência. Não há limite preciso entre juventude e velhice, quando conseguimos dominar o corpo físico e conservá-lo viril através dos anos. Assim sendo, não envelhecemos. Pelo contrário, o tempo o aprimora e aguça, dando-nos a juventude que se repete, cada vez mais bela e segura, em cada nova encarnação.


É completamente incoerente considerar a velhice como algo horrível, mortificante, degradante. Ora, por que avaliamos o transcurso do tempo declínio e não mudança? Lembremos que Jesus só se entregou à sua missão na idade madura, e Kardec só iniciou a codificação do espiritismo aos cinquenta anos de idade. Chico Xavier não se entregou a decrepitude e mesmo quando transportado nos ombros amigos serviu a todos os necessitados que por ele buscaram consolo até o final de seus dias aqui na Terra.